Sindicato de empresas aéreas alerta que, apesar de melhorias previstas, terminais vão operar acima da capacidade

Adauri Antunes Barbosa - O Globo

SÃO PAULO. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) advertiu ontem para a possibilidade de ocorrência de vários pontos de estrangulamento na operação dos 16 aeroportos das 12 cidades que vão sediar a Copa do Mundo. As obras previstas de ampliação e construção de terminais, pistas e outras reformas, cujos projetos totalizam R$ 5,5 bilhões, não serão suficientes para resolver os gargalos para a demanda esperada.

O diagnóstico conta com estudo feito pela diretoria técnica do Snea e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Alguns aeroportos, como os de Brasília, Fortaleza e Porto Alegre, que estão em piores condições entre os 16 estudados pelo Snea, têm uma capacidade projetada menor que a demanda prevista. Em Brasília estão projetados 18 milhões de passageiros/ano para 2014, mas o Snea calcula que a demanda será de cerca de 20 milhões. Hoje, as filas de checkin se estendem até o lado de fora do aeroporto.

— Não será o caos, mas em determinados aeroportos a demanda estará acima da capacidade.

Não estamos vendo caos, mas um desconforto, com situações difíceis que atingirão os passageiros — previu o diretor técnico do Snea, Ronaldo Jenkins.

No Galeão, demanda será maior que capacidade

Segundo ele, a situação de desconforto para os passageiros, que são atendidos depois de longas esperas e que sequer têm cadeiras para sentar enquanto esperam nas salas de embarque, é comum: — Vários aeroportos estão com a capacidade esgotada, o quadro é ruim e não há perspectiva de melhora Segundo Jenkins, responsável pelo estudo, os dois maiores aeroportos do país, Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e Congonhas, na capital paulista, estão nessa situação.

Em Cumbica, que terá R$ 1,4 bilhão de investimentos, o maior entre os 16 aeroportos analisados, o movimento de passageiros em 2009 chegou a 21,6 milhões, enquanto a capacidade de atendimento é de 20,5 milhões. Em Congonhas, onde há um controle mais rigoroso depois da tragédia do Airbus da TAM, o movimento no ano passado chegou a 13,6 milhões de passageiros, para uma capacidade de 13 milhões.

— Antes da Copa do Mundo vão ocorrer problemas sérios ligados à infraestrutura desses aeroportos. Esses problemas vão ocorrer porque a maioria está com a capacidade esgotada — garantiu o presidente do Snea, José Márcio Moll. — que ainda alertou para os atrasos no andamento das obras nos aeroportos de Brasília, Guarulhos, Campinas, Porto Alegre e Belo Horizonte.

No Rio, o Galeão passa pelo mesmo aperto: opera com toda sua capacidade, de 11,4 milhões de passageiros/ano. Mas em 2014, com os investimentos da Infraero, a capacidade será de 16,4 milhões, enquanto a demanda estimada pelo Snea será de 20,7 milhões. O Santos Dumont, por onde passaram 5 milhões de passageiros em 2009, terá a capacidade aumentada para 6,8 milhões para a Copa do Mundo, mas a demanda projetada pelo Snea será de 8,3 milhões.

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