Sindicato alerta para necessidade de reforçar segurança de voos em Congonhas
Lino Rodrigues - O Globo
SÃO PAULO. Dois dos principais aeroportos brasileiros, Congonhas, na capital paulista, e Cumbica, em Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo, que respondem por 28% de todo o movimento de passageiros no país, receberão investimentos de apenas R$ 45,5 milhões até 2014. A maior parte desse dinheiro será aplicada na construção do terceiro terminal de passageiros em Guarulhos e da nova torre de controle de Congonhas. Com as obras, segundo a Infraero, a capacidade de ambos será ampliada dos atuais 32,5 milhões para 45,5 milhões de passageiros por ano.
Para o Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo, no entanto, os investimentos não serão suficientes para aumentar a segurança de pousos e decolagens. Congonhas e Cumbica estiveram no foco do caos aéreo, entre o fim de 2006 e início de 2007. E que culminou com a tragédia do voo 3054 da TAM, que em julho de 2007 escapou da pista durante pouso em Congonhas, chocando-se contra um prédio da própria companhia e matando 199 pessoas.
— O problema é que a Infraero se preocupou mais com a parte comercial (nas áreas de embarque e desembarque) do que com a segurança dos voos — observa o presidente do sindicato, Reginaldo Alves de Souza, referindose às obras realizadas pouco antes do acidente e que priorizaram o terminal de passageiros, e não a reforma da pista.
Obras de revitalização em Congonhas são contestadas por Ministério Público A ausência de ranhuras grooving foi apontada como umas das causas da tragédia do voo da TAM. A revitalização por que passou Congonhas nos últimos anos custou R$ 45 milhões e está sendo contestada pelo Ministério Público Federal de São Paulo, que entrou com uma ação civil pública apontando superfaturamento nos valores da obra.
Segundo Souza, além da torre de controle que está sendo construída em Congonhas, que deve estar concluída em dezembro de 2010, seria preciso construir uma área de escape e uma malha de contenção para evitar que aeronaves com problemas no pouso escapem para o entorno, como ocorreu com o avião da TAM.
Além de limitações como essa, a dificuldade para se chegar aos aeroportos paulistas é motivo de queixa dos passageiros. O gaúcho Júlio Randon, de Caxias do Sul, diz não ver vantagem em ter um aeroporto cheio de lojas e operando sem problemas se os passageiros não conseguem chegar até ele.
— Se não tiver transporte, como o metrô, não tem como melhorar. Os aeroportos de São Paulo são ótimos, o problema é chegar até eles — reclama Randon.
No aeroporto de Cumbica, as condições de acesso para os passageiros são ainda piores: localizado em Guarulhos, fica a 30 quilômetros da capital, tendo como principal via de acesso a Marginal do Rio Tietê, permanentemente congestionada.
— Quando o trânsito está muito ruim, a fila de espera de passageiro por táxi é enorme. É só reclamação — conta Otacílio Andrade, taxista que trabalha há 13 anos em Cumbica.
Comentários