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Boeing e Airbus unem-se contra crédito estatal à Bombardier

Daniel Michaels, The Wall Street Journal, de Paris

A Airbus e a Boeing Co. são inimigas até a medula, mas a canadense Bombardier Inc. conseguiu uni-las em oposição comum a seus planos para obtenção de fundos para um novo jato. O conflito está levando vários governos a renegociar um pacto de financiamento de aeronaves que assinaram há três anos. E a Empresa Brasileira de Aeronáutica SA pode se juntar aos que se opõem aos planos da sua arquirrival.

A briga diz respeito a um novo avião da Bombardier que é maior que os turboélices e jatos regionais que ela havia feito anteriormente e que concorrerá com modelos da Boeing e da Airbus. O Canadá propôs financiar o avião em condições vantajosas, disponíveis para modelos menores, mas não para a maioria das aeronaves da Airbus e da Boeing, algo que o governo canadense afirma ter liberdade para fazer pelas atuais regras de comércio internacional.

O governo americano, que apoia a Boeing, e a União Europeia, por trás da Airbus, discordam desse argumento. A proposta do Canadá "não se sustenta", disse Fred Hochberg, presidente do conselho do Export-Import Bank dos Estados Unidos, o banco estatal de promoção das exportações que ajuda a financiar as vendas da Boeing. "Acho que é uma ameaça ao emprego nos EUA."

Funcionários de alto escalão de governos que representam fabricantes de aviões do Brasil, Japão, Rússia e China também podem entrar no cabo de guerra quando as negociações sobre o problemático acordo começarem na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico em Paris dia 1o de fevereiro.

Um porta-voz do Ministério das Finanças do Canadá disse que seu governo "dá total apoio" aos esforços para resolver a disputa. Um porta-voz da Bombardier disse que o governo canadense tem seguido as regras existentes.

O impasse pode trazer dores de cabeça para a Boeing e a Airbus, subsidiária da European Aeronautic Defence & Space Co., que há mais de dez anos dividem as vendas mundiais de aviões de passageiros com mais de cem assentos. Ambas avaliam seu mercado combinado em mais de US$ 3 trilhões ao longo dos próximos 20 anos. A dupla agora está começando a enfrentar concorrência ao redor do mundo à medida que fabricantes de aviões pequenos oferecem modelos um pouco maiores.

A fabricante russa de jatos Sukhoi, a japonesa Mitsubishi Heavy Industries Ltd. e um grupo de empresas aeroespaciais chinesas estão desenvolvendo novos aviões que comportarão pelo menos cem passageiros, alimentadas por um desejo de ampliar suas linhas de produtos e reduzir a dependência de seus países das estrangeiras Boeing e Airbus. A Embraer já tem um jato para mais de 100 passageiros, o Embraer 195.

A Bombardier, que tem sede em Montreal, é há anos a grande rival da Embraer no mercado de jatos regionais, que geralmente comportam até 90 pessoas. Agora ela está desenvolvendo uma nova família de jatos, chamada CSeries, que vai carregar até 150 passageiros. Isso a coloca contra versões menores dos Boeings 737 e dos Airbus A320.

A princípio, a Airbus e a Boeing não deram muita bola para a ameaça de concorrência da Bombardier, da Embraer e de outros recém-chegados ao mercado. As duas gigantes afirmavam que as companhias aéreas teriam mais eficiência com as similaridades de suas famílias de aviões, cujo tamanho varia de cerca de 100 assentos até mais de 500. Mas as rivais juntaram forças em meados do ano passado quando a Bombardier sugeriu financiar a CSeries usando os termos favoráveis de crédito de exportação disponíveis apenas para jatos regionais.

"Se há uma coisa na qual a Airbus e a Boeing podem concordar, é isto", disse o diretor operacional da Airbus, John Leahy. "A posiçao da Bombardier claramente seria uma distorção da concorrência." Diretores da Boeing dizem que concordam.

O crédito à exportação é um tipo de financiamento governamental que a maioria dos países oferece a compradores estrangeiros de seus produtos ou serviços. Normalmente, envolve uma agência de crédito de exportação que garante a um banco que o comprador - por exemplo, uma companhia aérea - vai quitar o empréstimo. Se o comprador ficar inadimplente, a agência paga ao banco.

Compradores de aviões são grandes tomadores de crédito de exportação porque um jato pode custar mais de US$ 200 milhões. Para evitar concorrência baseada em subsídios de exportação, os governos dos países sedes da Boeing e da Airbus fecharam um acordo em 1986 para regras básicas que definem limites sobre seu apoio financeiro, tais como a duração e taxas de juros. O objetivo era criar um mínimo de igualdade de condições que forçaria a Airbus e a Boeing a duelar com base nos méritos de seus produtos.

Conforme a Bombardier e a Embraer começaram a vender mais jatos regionais nos últimos anos, governos de todo o mundo decidiram que precisavam expandir aquele acordo. Depois de quase três anos de negociações, em julho de 2007 os países assinaram um novo pacto para o setor de aeronaves, que ficou conhecido pela sigla em inglês ASU.

Os negociadores não conseguiram um acordo sobre as condições de financiamento para todos os aviões, então estabeleceram certos termos para a Airbus e a Boeing e outros mais favoráveis para os jatos regionais. Diretores da Boeing e da Airbus dizem que não se importaram porque os mercados não se sobrepunham.

Até que, no ano passado, a Bombardier começou um marketing agressivo do CSeries, apresentando-o como rival para a Boeing e a Airbus, enquanto o governo canadense avisou a OCDE que queria classificar o avião como regional. A Airbus e a Boeing puseram a boca no trombone.

Tentativas de classificar a CSeries "claramente demonstraram as limitações do ASU", disse o porta-voz da Bombardier.

Para superar esses limites, diretores da OCDE querem chegar a um novo acordo este ano. Uma porta-voz do Departamento do Tesouro dos EUA disse que a meta é ter "um único conjunto de regras de financiamento para todos os modelos de aviões".

Uma porta-voz da União Europeia disse que o bloco de 27 países está "em processo de formular suas posições", que vão requerer negociações dentro da UE porque os países membros fazem tanto jatos regionais como aviões da Airbus.

Executivos do setor dizem que já propuseram um acordo para todos os tamanhos de aeronaves por meio de uma associação do setor, o Grupo de Trabalho da Aviação (AWG na sigla em inglês). O plano, que ainda é confidencial, será uma proposta sobre a mesa quando as negociações começarem no mês que vem.

Comentários

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