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Gol enxuga a estrutura do seu alto comando

Segunda maior companhia aérea do país reduz número de vice-presidentes e realinha diretoria

Alberto Komatsu, de São Paulo - Valor

Para evitar barulho no mercado, a Gol anunciou quase na virada de terça para quarta-feira, por volta das 23h30, uma dança de cadeiras no seu alto escalão que surpreendeu o setor. A segunda maior companhia aérea do país reduziu de cinco para quatro o número de vice-presidências e realinhou a hierarquia de diretorias. Com isso, quatro executivos deixaram a empresa, ou "renunciaram", conforme informa a Gol. Dois eram vice-presidentes que participaram da elaboração do seu plano inicial de voo e da fundação. Demissões em outros escalões ou áreas foram descartadas. As ações preferenciais (PN) da Gol fecharam ontem com alta de 4,25%.

"Foi uma decisão tomada em conjunto (pelo Conselho de Administração). É uma evolução natural da empresa", afirmou ontem ao Valor, em rápida conversa por telefone, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, que ontem à noite participava de uma série de reuniões. "É uma reestruturação", acrescentou o executivo, ao ser perguntado se esse seria o início de uma profissionalização da gestão da companhia.

Fontes próximas ao alto escalão da Gol, que pediram para não serem identificadas, afirmam que a mudança foi motivada para dar mais agilidade às decisões do Conselho de Administração. A instância máxima da empresa é composta por oito pessoas, sendo quatro da família Constantino, controladora da companhia, incluindo Constantino Júnior.

"A Gol cresceu muito com o tempo. Estava precisando de sangue novo, de criatividade. É uma volta aos princípios do início de sua operação (janeiro de 2001)", afirma uma fonte do setor. Para outra pessoa que acompanhou de perto as mudanças, trata-se de um novo momento da aviação comercial brasileira que poderá ter, em breve, novidades em outras companhias. Todas elas, lembra essa fonte, com acionistas ávidos por resultados no curto prazo.

"O mercado aéreo está passando por esse momento de mudanças (administrativas). Os investidores cobram resultados rápidos", diz a fonte. Há exatos seis meses, a TAM dispensou 21 executivos do seu alto comando, sendo dois vice-presidentes. Um dos demitidos era da área técnica, Jorge Gabriel Isaac, que foi levado para a companhia pelo então presidente-executivo, David Barioni Neto, que havia deixado a Gol para comandar a TAM, a líder do setor. No início de outubro foi a vez de Barioni deixar a TAM.

A mudança de gestão na Gol custou a saída dos vice-presidentes de Marketing e Serviços, Tarcísio Gargioni, e Wilson Maciel Ramos, da área de Planejamento e Tecnologia da Informação (TI). Os dois estavam desde o início da Gol, egressos da Vasp, onde Barioni inicou carreira como piloto. O expresidente da TAM participou do projeto de concepção da Gol, a exemplo de Gargioni e Ramos.
 
Também não estão mais na Gol o diretor de Aeroportos, Marco Antonio Piller, que por um curto período foi presidente da Varig, adquirida pela Gol em 2007, além do diretor de Manutenção, Francisco Eustáquio Mendes.
 
A vice-presidência de Marketing da Gol passa a ser chamada de Mercado, englobando Cargas, Comercial, Comunicação Corporativa, Yield e Alianças. Um executivo está sendo procurado para essa vaga. A vice-presidência de Gestão e Pessoas, de Ricardo Khauaja, ganhou musculatura e foi rebatizada de Clientes, Colaboradores e Gestão. Khauaja vai supervisionar as áreas de Relacionamento com o Cliente, Aeroportos e Tripulação Comercial.
 
A vice-presidência de Finanças da Gol, sob os cuidados de Leonardo Pereira, incorporará as áreas de TI, Novos Negócios e Planejamento. A vice-presidência Técnica, do comandante Rockert de Magalhães, não teve mudanças.

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