Pular para o conteúdo principal

Sindicato diz que autoridades poderiam ter evitado acidente da Air France

Daniela Fernandes
Da BBC Brasil
Em Paris

 

Um dos sindicatos de pilotos da Air France está acusando as autoridades da aviação civil francesa e europeia de não terem exigido a troca dos sensores de velocidade nos aviões Airbus A330/A340, o que poderia "ter evitado o acidente com o voo 447", segundo o sindicato.

O avião da Air France caiu no dia 31 de maio no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo após ter decolado do Rio de Janeiro.

 

O sindicato Spaf, que representa cerca de 20% dos pilotos da Air France, divulgou uma carta na qual avalia "que era responsabilidade" da Direção Geral da Aviação Civil da França (DGAC) e da Agência Europeia da Segurança Aérea (EASA) "impor ao fabricante Airbus as modificações necessárias após incidentes constatados com os tubos Pitot", os sensores que medem a velocidade do avião.

"Medidas apropriadas da DGAC e da EASA teriam permitido evitar o desencadeamento da sequência de eventos que conduziram à perda de controle do avião", diz a carta enviada aos diretores dos dois órgãos.

No primeiro relatório preliminar sobre o acidente, divulgado no dia 2 de julho, o BEA, órgão francês que investiga a catástrofe com o voo 447, declarou que falhas nos tubos Pitot "representam um elemento, mas não a causa do acidente", que ainda não foi determinada.

"Os sensores de velocidade não foram descartados da sequência (de eventos) que conduziu ao acidente. Suspeitamos que os tubos Pitot possam ter alguma ligação com a incoerência das velocidades medidas", havia afirmado, no início deste mês, o investigador-chefe do acidente da Air France, Alain Bouillard, do BEA.

O sindicato Spaf afirma na carta que "há vários anos, as tripulações dos aviões A330 e A340 vêm relatando perdas ou flutuações nas indicações de velocidade em condições meteorológicas rigorosas".

A Airbus recomendou às companhias aéreas em 2007 a troca dos sensores de velocidade devido a problemas de congelamento do equipamento em altas altitudes.

A carta cita ainda uma conferência de um responsável da Agência Europeia de Segurança da Aviação, realizada em 2007, que, segundo o sindicato, mostraria que a autoridade "tinha conhecimento de um número significativo de acontecimentos ligados ao congelamento ou a chuvas fortes", que causaram problemas nos sensores de velocidade de aviões Airbus.

Após o acidente com o voo 447, a Air France trocou todos os sensores de velocidade dos aviões Airbus A330 e A340.

Procuradas pela BBC Brasil, a assessoria da DGAC da França não foi localizada e a da AESA não retornou a ligação.

Segunda fase


A França deve encerrar nesta sexta-feira, conforme informou o BEA, a fase de busca das caixas-pretas do avião que utiliza métodos acústicos para tentar localizá-las, como o submarino Émeraude, equipado com sonares potentes.

A expectativa das autoridades francesas é de que as balizas das caixas pretas deixem de emitir sinais sonoros nesta semana.

Na próxima semana, a partir do dia 15 de julho, será iniciada uma segunda fase de buscas das caixas pretas, que utilizará robôs submarinos para tentar localizar a carcaça do avião.

Essa segunda fase de buscas, segundo o BEA, prevê que o fundo do mar seja explorado sistematicamente por robôs.
Os 640 destroços do avião encontrados nos 26 dias de operações de busca estão sendo enviados à França por navio, informou nesta sexta-feira a Airbus.

De acordo com o fabricante, os destroços, incluindo o leme do avião, devem chegar ao porto de Pauillac, no sudeste da França, na próxima terça-feira.

Eles serão analisados pelo Centro Aeronáutico de Testes, em Toulouse, cidade onde se situa a sede da Airbus.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul