Pular para o conteúdo principal

Peças ajudam, mas não dão resposta conclusiva

DA REPORTAGEM LOCAL DE GENEBRA – Folha SP

O encontro no final de semana de alguns corpos e destroços do avião da Air France já deve contribuir com a investigação das causas do acidente, mas dificilmente de forma conclusiva.

Saber se, com a queda do Airbus, sobraram muitos pedaços grandes ou muitos corpos intactos, por exemplo, poderá ajudar a descartar hipóteses -como a de explosão no ar.

No entanto, será necessário localizar a caixa-preta e outras peças da aeronave para que haja conclusões mais precisas, afirmam os especialistas.

"O que for localizado é sempre valioso. O legista vai poder apontar, por exemplo, se os corpos apresentam lesão por pressão, se houve colapso no tórax. Mas, se não acharem muito mais, a investigação tende a ficar inconclusiva", diz Moacyr Duarte, analista de acidentes ligado à Coppe/UFRJ.

Segundo ele, a hipótese de uma eventual explosão no ar a cada dia perde força. "Se tivesse ocorrido isso, a aeronave não teria transmitido a informação de sua velocidade vertical."

"Quando há uma explosão muito forte, a tendência é não sobrar quase nada inteiro. É diferente de quando um avião é despedaçado", afirma José Ulisses Fontenelle, que tem formação de investigador de acidentes aeronáuticos.

Especialista em segurança de voo pelo Cenipa (órgão que investiga acidentes aéreos), Jorge Barros afirma que corpos encontrados totalmente vestidos dão a entender que eles cairam dentro do avião -ou seja, que a aeronave caiu "inteira". Se estiverem sem roupa, diz, é sinal de que foram atirados e que a força do vento as destruiu -ou seja, que houve ruptura no ar.

Se o avião tiver passado por uma forte chuva de granizo, haverá provavelmente perfurações "parecidas com uma rajada" de tiros no parabrisa e na estrutura metálica, diz Barros.

Ele afirma que, mesmo que as caixas-pretas não sejam achadas, a "remontagem" ajuda a cercar as principais hipóteses de causa do acidente, o que pode servir para aperfeiçoar tecnologias de segurança de voo.

Os investigadores franceses confiam na descoberta das duas caixas-pretas para obter respostas sobre as causas do acidente. Mas a coleta dos destroços é um avanço, diz Pascal Guerin, vicepresidente da Associação Francesa de Pilotos.

Guerin afirma que as 24 mensagens automáticas enviadas pelo Airbus em seus minutos finais não são suficientes para mostrar o que houve, pois são parte do sistema de manutenção. Por isso, dão uma ideia incompleta do que ocorria.

Ele deu um exemplo: "Uma das mensagens foi a do desligamento do piloto automático. Se o piloto volta a ser ligado, nenhuma mensagem é enviada."

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul