Empresa de Efromovich deve estrear na ponte aérea até dezembro, com passagens a R$ 199
Alberto Komatsu
Dívidas pendentes, personalidades fortes de seus presidentes e estratégias inconciliáveis teriam determinado o fim da aliança BRA/OceanAir, após três meses. A partir de hoje, a OceanAir voa sozinha, com um ajuste em sua estratégia, o de operar em Congonhas, mesmo após as restrições. A OceanAir nega que haja débitos pendentes, mas admite que seus planos são diferentes dos da BRA: pediu, há 15 dias, autorização para estrear na ponte aérea com o Fokker 100 e passagem a R$ 199. A BRA não se pronunciou.
A OceanAir pretende estrear na ponte aérea Rio/São Paulo até o final deste ano com seis vôos diários, utilizando dois Fokker 100 - que rebatizou de MK 28 -, para 100 passageiros. O diferencial será o serviço de bordo, que vai servir comidas quentes, e o espaço maior entre poltronas. Os vôos serão três entre às 7 horas e 9 horas, mais três entre 17 e 20 horas.
'O negócio foi bom para as duas empresas, que ganharam mercado. Mas as estratégias são diferentes', diz Waldomiro Silva Jr, diretor de planejamento e tráfego aéreo da OceanAir. Ele conta que a empresa vai ter 22 intervalos para pouso e decolagem (slots) em Congonhas, mais seis que pretende obter em sorteio. Segundo ele, a empresa quer voar para Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Rio.
Especialistas avaliam que o rompimento precoce elimina a única frente que poderia rivalizar contra o duopólio TAM/Gol, que em agosto responderam, juntas, por 86,17% do transporte doméstico de passageiros. A BRA e a OceanAir ficaram com 8,04% da demanda, quase três vezes e meia a fatia da Varig (2,30%). A expectativa era de que, com a aliança, teriam 10% do mercado em um ano.
'O rompimento do acordo fortalece o duopólio', afirma um consultor que pediu anonimato. Segundo ele, 'o (Humberto) Folegatti não pagou a compensação mensal do code share.' Silva Jr., diretor da OceanAir, nega.
'Não é surpreendente. Quando se olha uma aliança entre companhias aéreas, a maioria não vinga', avalia o consultor aeronáutico André Castellini, da Bain & Co.