TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um sinistro de grandes proporções nas costas em 1996, a TAM paga caro para fazer seguro aéreo no Brasil. A empresa contratou um seguro do Unibanco AIG que cobre danos materiais ao casco do avião no valor estimado de US$ 80 milhões (cerca de R$ 149 milhões). O seguro de Responsabilidade Civil, que indenizará as famílias dos passageiros e tripulantes vítimas do acidente, chega a US$ 500 mil por pessoa (R$ 930,5 mil) – o valor depende do dano financeiro e moral que a morte representará para os familiares.

Sem contar a indenização às vítimas que estavam no prédio da TAM Express, o seguro deverá cobrir um valor de US$ 173 milhões (cerca de R$ 322 milhões). Com as vítimas em terra, passará de US$ 200 milhões (cerca de R$ 372 milhões).

"Todo mundo vai receber", disse Marco Antonio Bologna, presidente da TAM, afirmando que a apólice cobre também os danos ao terminal de cargas.

O prejuízo do Unibanco AIG deve somar 10% desse total. Os 90% restantes foram repassados para um pool de resseguradoras (as seguradoras das seguradoras) internacionais.

O objetivo é diluir o risco entre vários agentes do mercado e impedir a quebra de apenas uma seguradora.

Todos esses valores são válidos se for comprovado que houve falha humana ou da companhia aérea. No entanto, se a responsabilidade pelo acidente cair sobre o aeroporto, outro seguro será acionado.

Bolsa

Na Bovespa, as ações das companhias aéreas desabaram ontem por conta da expectativa de retração no número de passageiros e de vôos nos próximos meses.

Os papéis PN (sem direito a voto) da TAM recuaram 9,07% e foram os mais negociados depois dos da Petrobras. As ações da Gol fecharam o dia em baixa de 2,64%.

Para Mel Marques, da corretora Brascan, o acidente afeta a credibilidade do setor aéreo como um todo. "O fato de a pista principal de Congonhas ter sido liberada sem a conclusão da última etapa, relativa às ranhuras para maior aderência, impacta a credibilidade da aviação comercial", disse ele.

Para Fausto Gouveia, da corretora Alpes, outro impacto será sentido quando forem concluídas as investigações do acidente. "A primeira reação do mercado é vender [as ações de companhias aéreas] e se livrar de um problema. O segundo efeito virá quando soubermos o que houve realmente. Se for falha humana, só a [ação da] TAM sofrerá; se o problema for do aeroporto ou falha da aviação civil, as ações da Gol também cairão bastante", disse.

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