Presidente da empresa diz que pilotos eram experientes e que avião estava em ordem

Companhia
aérea também defendeu condições do aeroporto de Congonhas, o mais importante para as operações da TAM no país

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL – FOLHA DE SÃO PAULO

Em entrevista ontem, o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, afirmou que a tripulação do A320 era "de grande competência e experiência" e que o avião estava em perfeitas condições de operação. Ele evitou culpar o governo e a crise aérea pelo acidente e defendeu que Congonhas, tido como o aeroporto mais importante para a companhia, é "seguro".

O executivo descartou ainda a ausência de "grooving" (ranhuras que facilitam o escoamento da água) na pista como causa do acidente. "Quando um aeroporto que não tem "grooving" está aberto, se pressupõe que a pista esteja com menos de três milímetros de água, e que tenha aderência suficiente, mesmo sem essas ranhuras."

O avião, segundo a companhia, podia voar com 185 pessoas, entre passageiros e tripulantes. No entanto, havia 186 a bordo no vôo. A TAM afirmou que esse não foi o problema porque o passageiro "a mais", por assim dizer, era um bebê.

Bologna, que manifestou pesar pelas mortes, evitou apontar as causas do acidente, afirmando ser preciso aguardar a investigação do governo. "A investigação já está sendo conduzida pelas autoridades competentes", repetiu em diversos momentos a diferentes perguntas sobre o acidente.

A manutenção do avião, declarou o vice-presidente técnico da TAM, Rui Amparo, estava em dia, e não há registros de acidentes anteriores com esse A320, incorporado à frota em dezembro do ano passado. "O MBK [prefixo do A320] estava com 26.320 horas de vôo, e fez a última revisão simples, que chamamos de "check A", em 13 de junho", disse Amparo.

Uma outra revisão, definida pelo executivo como mais completa ou "estrutural", foi realizada em novembro de 2006. Segundo Bologna, o peso do avião era de 62.700 toneladas, e a pista podia "aguentar", naquelas condições climáticas, até 64.500 toneladas. Ou seja, o peso do avião estaria dentro das especificações.

Os representantes da TAM também defenderam a experiência dos pilotos do vôo JJ 3054, e negaram que o co-piloto, Henrique Stephanini Di Sacco, estava em treinamento.
O comandante Kleyber Lima, de acordo com Fajerman, tinha mais de 13.000 horas de vôo e trabalhava na TAM desde novembro de 1987. Passou por sua última avaliação em maio. Di Sacco foi admitido na companhia em janeiro, mas, segundo o vice-presidente de operação, possuía 14.744 horas de vôo em sua carreira, ou seja, era um piloto experiente. Passou por avaliação em junho.

"Não conseguimos saber qual dos dois estava comandando o avião no momento do acidente", disse o vice-presidente de operação da TAM, Alberto Fajerman.
Bologna evitou relacionar o apagão aéreo dos últimos meses com o acidente. Disse que a discussão sobre a crise "é um pouco mais ampla" e que há duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) apurando o apagão, além de uma investigação da Anac.

"O Brasil vive um momento bastante forte para a economia, o que gerou um crescimento significativo do transporte aéreo", afirmou. "Existem alguns problemas de infra-estrutura, e entendo que as autoridades vêm encaminhando isso de forma a criar uma solução".

Da mesma forma, defendeu a continuidade das operações em Congonhas, que concentra 18% da operação da TAM no país todo. "Congonhas é um aeroporto que no passado chegou a ter 62 operações (pousos ou decolagens) por hora. Hoje tem 48".

Indenizações

Bologna afirmou que a companhia contatará os familiares das vítimas "nos próximos dias" para discutir pagamentos antecipados de indenizações.

"Nos próximos dias, cada familiar será contatado para falar de valores e datas, sempre com respeito à legislação e ao sigilo desse tipo de informação. Discutiremos individualmente pagamentos antecipados para fazer frente às despesas urgentes", disse o vice-presidente de planejamento da companhia aérea, Paulo Castello Branco.

Os familiares das vítimas, segundo Bologna, estão sendo encaminhados para dois hotéis. Um terceiro hotel, de acordo com ele, recebe os afetados da região do acidente, já que a defesa civil interditou a área próxima ao prédio da TAM.

A família Amaro - o fundador é Rolim Amaro, morto em 2001- divulgou mensagem lamentando o acidente. "Nós, da TAM, estamos extremamente tristes. Nosso pior pesadelo tornou-se realidade. A sensação da dor é de quem perde um ente da família. São parentes da grande família da TAM: clientes, funcionários e colaboradores. Lamentamos todas as vítimas dessa tragédia, que veste de luto a sociedade brasileira. Nenhuma declaração pode expressar o nosso pesar."

A família de acionistas ainda diz que a empresa está tomando todas as providências cabíveis para o momento, pede a apuração completa das causas do acidente e diz que a prioridade "absoluta" é o atendimento a famílias das vítimas.

A preocupação com a imagem da TAM esteve presente o durante toda a entrevista, de uma hora e meia. A logomarca não aparecia em lugar algum.

Questionado sobre o impacto do acidente sobre a companhia de capital aberto, neste trimestre, Bologna disse "o pensamento da TAM está voltado aos familiares das vítimas".

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