Problemas com o equipamento do Legacy teriam contribuído para o acidente da Gol. Houve falhas de comunicação entre a torre de controle e pilotos.

Agência Estado

A Aeronáutica vai instalar um tipo de alarme sonoro e visual nas telas dos radares dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas) para alertar aos controladores de vôo em caso de desaparecimento do número do transponder que identifica um avião. A decisão ocorreu porque, na avaliação da Força Aérea Brasileira (FAB), a causa primordial da tragédia com o Boeing da Gol foi o fato de o transponder do jato Legacy não estar funcionando. Outra medida adotada foi matricular controladores em cursos de inglês.

A FAB acredita que o operador de plantão no Cindacta-1, centro de controle de Brasília, na tarde de 29 de setembro _quando aconteceu o acidente que deixou 154 mortos_ poderia ter evitado a tragédia, ainda mais se contasse com o recurso do alarme. Depois que o Legacy passou por Brasília, o operador demorou 24 minutos para perceber que a posição do avião no radar era imprecisa e tentar a primeira comunicação com os pilotos.

Outra mudança no software que está sendo providenciada é a da indicação, na tela do controlador, da altitude efetiva da aeronave. Hoje ela é feita automaticamente, conforme o plano de vôo. No dia do acidente, quando o Legacy passou por Brasília, o radar indicou a alteração de altitude de 37 mil para 36 mil pés, o que confundiu o controlador, considerado inexperiente. A maior parte dos controladores defende que a mudança seja feita manualmente, pelo operador, depois de checar com o piloto se ele trocou mesmo de nível.

O comando da FAB não comentou a divulgação dos diálogos das caixas-pretas das aeronaves. “A Aeronáutica considera que o vazamento de informações é prejudicial ao andamento das investigações”, informou, esclarecendo que todos os dados da investigação são “sigilosos”. A previsão oficial é de que o inquérito seja concluído em setembro. A comissão de investigação aguarda a análise do equipamento de radionavegação do Legacy, que está sendo feita numa empresa nos Estados Unidos. Essa avaliação apontará por que o transponder do jato estava desligado.

O presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Jorge André, disse que as transcrições publicadas deixam claro que “os pilotos cometeram, no mínimo, imperícias” na condução do Legacy e não tinham conhecimento dos recursos do avião. Ele acredita que os americanos Joseph Lepore e Jan Paladino não receberam o devido treinamento para conduzir o Legacy. “Eles não poderiam ter sido liberados pela Justiça para deixar o País, porque estavam sob investigação.”

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