Joint venture russa-chinesa alugará aviões a companhias aéreas locais conforme demanda. Jato russo compete na mesma classe de modelos da Embraer e da Bombardier.
ALEKSANDR KOROLKOV, ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA
Nos três próximos anos, a Rússia irá entregar à China 100 unidades do jato civil Sukhôi Superjet (SSJ) em regime de leasing operacional, anunciou o ministro da Indústria e Comércio russo Denís Manturov. Cinco modelos serão exportados ao país asiático ainda este ano.
Embora concebido na Rússia, SSJ tem 50% dos componentes importados Foto:Marina Listseva/TASS
Os aviões vão ser transferidos a um conjunto de empresas de leasing locais, que irão implementá-los nos mercados da China e de países vizinhos. O abastecimento será feito conforme a demanda das companhias aéreas da região.
Atualmente, o volume mundial do mercado para aviões regionais é estimado em 3.000 unidades aos anos, das quais 70% escoam para países da Europa e EUA. “Locais onde o acesso é praticamente fechado para os construtores russos”, diz Iúri Sliusar, diretor da United Aircraft Corporation (UAC), criada para resgatar os construtores aeronáuticos russos.
Calcula-se, porém, que o mercado para aviões regionais na China será de 1.000 a 1.300 unidades em 2035. “O acordo é um trampolim para a promoção do avião russo” e “um passo para o restabelecimento da Rússia no mercado aeronáutico civil”, acredita Sliusar.
Embora os chineses estejam produzindo aviões com características semelhantes, as autoridades do país garantem que haverá mercado para ambas as partes.
O acordo havia sido discutido durante a visita do presidente chinês Xi Jinping à Rússia, em maio, em meio às celebrações da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
A Sukhôi já recebeu encomendas para o fornecimento de mais de 170 aeronaves SSJ a vários países, incluindo Indonésia, México e Laos. O maior contrato de exportação até hoje foi fechado com a companhia aérea mexicana Interjet, que adquiriu 20 unidades do jato russo.
Fênix do setor
Hoje os aviões nacionais ocupam apenas 5% da frota das maiores companhias aéreas da Rússia. O setor não se recuperou desde o declínio da produção aeronáutica civil soviética, na década de 1980.
O projeto do SSJ foi iniciado em 2003 com foco no mercado internacional. Os construtores da Sukhôi nunca tinham se envolvido em aviação civil de grande escala, mas foram escolhidos por suas amplas conexões com empresas estrangeiras.
A ideia é que os especialistas pudessem equipar o avião com o melhor da tecnologia disponível e torná-lo competitivo no mercado internacional. Como resultado, cerca de 50% dos componentes do SSJ são estrangeiros.
O jato russo compete na classe de 100 assentos com os modelos das companhias brasileira Embraer e canadense Bombardier. Daqui dois anos, esse mercado ganhará dois novos concorrentes: o modelo chinês Comac e o japonês Mitsubishi Regional Jet (MRJ).
O SSJ é 2,5 toneladas mais leve do que seus homólogos, o que reduz gastos em taxas aeroportuárias e 5% no consumo de combustível.