New York Times

Até poucos anos atrås, as companhias aéreas recebiam seus boletins meteorológicos por telex. Os pilotos se debruçavam sobre resmas de papel e compararam as previsÔes com os planos de voo. Uma vez no ar, eles dependiam de comunicaçÔes de rådio e de radares rudimentares para evitar o mau tempo.

Agora, os pilotos baixam em tablets os planos de voo e relatórios climåticos cheios de gråficos detalhados. Controladores monitoram a aeronave em tempo real e oferecem dados atualizados. Novas geraçÔes de sistemas de radares permitem ajustes fåceis durante o percurso.

O resultado? Menos chacoalhĂ”es, trancos e bebidas derramadas —fatos inerentes ao voo desde a invenção do aviĂŁo.

“O segredo Ă© a forma como vocĂȘ usa a informação”, disse Tim Campbell, vice-presidente-sĂȘnior de operaçÔes aĂ©reas da AmericanAirlines.“Fundamentalmente, Ă© apenas uma previsĂŁo, e ainda Ă© o tempo.”

Um maior poder computacional, a melhoria das tecnologias via satĂ©lite e os avanços em radares e modelos cientĂ­ficos tĂȘm se somado para permitir Ă s companhias uma compreensĂŁo mais detalhada das condiçÔes de voo.

Isso significa que elas podem planejar as operaçÔes antes da decolagem —cancelando voos com antecedĂȘncia, por exemplo. Durante os voos, os pilotos tĂȘm mais condiçÔes de contornar tormentas e evitar turbulĂȘncias.

Nos Estados Unidos, o clima foi responsåvel por 36% dos atrasos das companhias aéreas em 2013, abaixo dos 50% de 2003, de acordo com o Departamento de Estatísticas dos Transportes.

“Nossa previsĂŁo para sete dias atualmente Ă© praticamente tĂŁo precisa quanto uma previsĂŁo de trĂȘs dias era hĂĄ dez anos”, disse Michael Pat Murphy, meteorologista do Centro MeteorolĂłgico da Aviação, em Kansas City.

Os meteorologistas do centro fornecem informaçÔes meteorolĂłgicas para o setor aĂ©reo. A cada duas horas, eles fazem uma conferĂȘncia para apresentar Ă s companhias e ao centro de comando da Administração Federal de Aviação previsĂ”es atualizadas sobre tempestades e chuvas.

Eles tambĂ©m divulgam a cada seis horas uma previsĂŁo global usada por companhias aĂ©reas do mundo todo, e sĂŁo responsĂĄveis pela emissĂŁo de alertas sobre condiçÔes perigosas, como a ocorrĂȘncia de trovoadas ou formação de gelo nos EUA.

A turbulĂȘncia representa um desafio especial, porque nĂŁo pode ser vista por satĂ©lite ou radar. Mas os meteorologistas usam modelos climĂĄticos, assim como relatos de pilotos, para prever ĂĄreas de turbulĂȘncia forte.

Sensores em alguns aviĂ”es operados pela Alaska Airlines, American Airlines e Delta Air Lines pode transmitir automaticamente informaçÔes sobre turbulĂȘncia para os controladores, a fim de que busquem rotas alternativas para voos posteriores.

Em mĂ©dia, 36 pessoas ficam feridas por ano desde 2002 por causa de turbulĂȘncias. Neste mĂȘs, um jato da companhia Allegiant Air chocou-se contra uma ĂĄrea de ar agitado sobre a FlĂłrida, deixando trĂȘs feridos.

“Podemos identificar com segurança as ĂĄreas potenciais para turbulĂȘncia”, disse Tom Fahey, que lidera uma equipe de 27 meteorologistas da Delta. “O difĂ­cil Ă© identificar os locais exatos em um dado momento, jĂĄ que a turbulĂȘncia, por definição, estĂĄ em movimento.”

Alguns especialistas tambĂ©m acreditam que a frequĂȘncia e intensidade das turbulĂȘncias poderiam aumentar por causa da mudança climĂĄtica.

A Southwest Airlines recentemente equipou 87 dos seus 600 Boeings-737 com sensores que medem o vapor de ågua no ar, a fim de determinar a localização de nevoeiros, a formação de nuvens e os tetos de nuvens.

A Hawaiian Airlines desenvolve mapas meteorológicos em tempo real nas cabines, para permitir que os pilotos tenham acesso a informaçÔes tão detalhadas quanto as disponíveis para os controladores em terra.

Os meteorologistas também esperam que novos satélites, a serem lançados a partir do início de 2016, permitam uma melhor leitura das nuvens baixas e de ambientes com pouca visibilidade, duas das maiores causas de acidentes fatais para pilotos particulares e da aviação geral.


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