Duas companhias aéreas japonesas suspenderam operações com o 787.
Do G1, com agências internacionais*
A Agência Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos decidiu nesta quarta-feira (16) suspender temporariamente todos os voos dos modelos Boeing 787 Dreamliner até que se prove que eles são seguros, após os incidentes com aeronaves similares de companhias aéreas japonesas.
“Antes de voltar a voar, os Boeing 787 registrados nos Estados Unidos devem demonstrar à Agência Federal de Aviação que as baterias são seguras”, destacou a FAA. A decisão foi tomada após um Boeing 787 ter feito um pouso de emergência no Japão, no mais novo incidente de uma série de problemas apresentados por um avião que muitos veem como o futuro da aviação comercial.
A agência americana quer revisar “o potencial risco de fogo associado às baterias do 787” e requer aos operadores que temporariamente cessem as atividades com estas aeronaves, a grande aposta da Boeing para concorrer com o Airbus.
O comunicado da FAA informa que os operadores americanos com Boeing 787 em suas frotas deverão “demonstrar que as baterias são seguras e estão em linha com as regulações de segurança”.
Nos Estados Unidos, a companhia aérea United tem operação com seis Boeing 787 e, por enquanto, é a única nos Estados Unidos que será afetada.
Duas grandes companhias aéreas do Japão já haviam decidido nesta quarta-feira deixar em terra suas respectivas frotas de jatos Boeing 787 Dreamliner. A All Nippon Airways (ANA) vai tirar dos ares os 17 Boeings que possui. A Japan Airlines (JAL) suspendeu os voos previstos para quarta e quinta-feiras. Ambas as empresas vão decidir nesta quinta-feira (17) se retomarão os voos com o Dreamliner no dia seguinte. As duas operam quase metade das 50 unidades dos modelos que a Boeing já entregou.
Um
problema em uma bateria provocou nesta quarta-feira (16) um pouso de
emergência de um Boeing 787 Dreamliner da All Nippon Airways (ANA) no
Japão. (Foto: Jiji Press/AFP)
Pouso de emergência
O voo 692 da ANA deixou Yamaguchi, no oeste do Japão com destino ao aeroporto de Haneda, perto de Tóquio, um voo de 65 minutos. Porém, após cerca de 18 minutos de voo, o avião desceu e fez um pouso de emergência, de acordo com o site de acompanhamento de voos Flightaware.com.
Um porta-voz do aeroporto de Osaka disse que o avião pousou em Takamatsu às 8h45 locais. Todos os 129 passageiros e oito tripulantes foram retirados por tobogãs infláveis da aeronave. Cinco pessoas ficaram levemente feridas, segundo autoridades.
A All Nippon Airways disse que instrumentos a bordo de um voo doméstico detectaram erro de bateria, acionando alertas de emergência aos pilotos. Shigeru Takano, um importante membro da Agência de Aviação Civil, disse que um segundo alerta indicou presença de fumaça.
O incidente foi descrito por representante do Ministério dos Transportes do Japão, como "altamente sério", o que no meio de segurança internacional significa que poderia haver acidente. Nos últimos dias, problemas como vazamentos de combustível, fogo em bateria, problemas elétricos, falha em computador de freio e rachaduras em janela do cockpit atingiram o primeiro avião do mundo com estrutura de compósito de carbono.
Revisão
O 787, que tem um preço de tabela de US$ 207 milhões, representa um salto na forma como os aviões são planejados e produzidos, mas o projeto teve várias mudanças e anos de atraso. Alguns sugerem que a pressa da Boeing para compensar este atraso resultou nos recentes problemas, o que a fabricante nega vigorosamente.
Expectativa
Na Ásia, somente as companhias japonesas e a Air Índia têm Dreamliners em operação, mas outras companhias estão entre as que encomendaram 850 unidades do novo avião.
A australiana Qantas Airways disse que o pedido de 15 Dreamliners está mantido, com a subsidiária Jetstar devendo receber sua primeira unidade no segundo semestre do ano.
Os problemas do Dreamliner ecoam incidentes registrados pela rival Airbus, que um ano atrás sobreviveu a uma crise de confiança pública depois do surgimento de rachaduras nas asas do superjumbo A380, o maior avião de passageiros do mundo. Os problemas testaram o relacionamento da fabricante com as companhias aéreas, mas nenhuma encomenda foi cancelada.
* Com informações da EFE, Reuters e France Presse