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2012 foi o ano mais seguro para a aviação comercial

Por Andy Pasztor | The Wall Street Journal - Valor

As viagens aéreas são hoje mais seguras do que jamais foram, com o setor aéreo mundial a caminho de ter seu menor índice de acidentes fatais desde o início dos anos 60.


Foram registrados 23 acidentes fatais em 2012 em todo o mundo, um número que inclui todos os voos de passageiros e de carga, tendo sido 28 em 2011, segundo dados compilados pela Aviation Safety Network, uma organização privada que coleciona informações sobre acidentes aéreos on-line. A contagem de 2012 se compara a uma média de 34 acidentes por ano nos últimos 10 anos.


A ASN catalogou nove fatalidades no ano no Brasil, sendo oito num acidente em Juiz de Fora, em julho, e um perto de Manaus, em fevereiro. Foi um número bem menor que as 30 mortes registradas em 2011. Já os Estados Unidos não têm um acidente aéreo com morte desde 2009, quando um jato regional caiu nas proximidades de Buffalo, no Estado de Nova York.


A segurança aérea tem melhorado de forma constante ao longo dos anos, e as taxas de acidentes começaram a cair com o advento de programas voluntários de comunicação de incidentes, que encorajam os pilotos e mecânicos a informar erros sem medo de retaliação.


Equipamentos melhores e mais confiáveis, uma melhora no treinamento de pilotos, avanços em procedimentos de controle de tráfego aéreo e supervisão mais rigorosa em alguns países também estão entre as razões da queda no número de ocorrências.


Dos 23 acidentes fatais de 2012, só 11 envolveram aviões de passageiros, e só três deles eram jatos fabricados por empresas do Mundo Ocidental.


Os outros sete acidentes com aviões de passageiros envolveram turboélices ocidentais ou russos, segundo a Ascend, firma de consultoria internacional que faz uma compilação separada de dados de segurança.


Aviões fabricados na Rússia costumam transportar poucos passageiros, mas tendem a ter uma taxa de acidentes bem mais alta do que a de aviões fabricados nos EUA ou na Europa.


"De modo geral, esse certamente foi o ano mais seguro que já houve", diz Paul Hayes, diretor de segurança da Ascend. Com um acidente fatal para cada 2,5 milhões de voos em todo o mundo, 2012 "foi quase duas vezes mais seguro do que 2011", ano que já havia obtido essa distinção, segundo a Ascend.


Mas essas melhoras também trazem à tona problemas persistentes que resultam em taxas de acidentes mais altas - às vezes quatro vezes ou mais - em boa parte da África, América Latina e outras regiões em desenvolvimento. E, mesmo nos EUA, especialistas em segurança alertam para os riscos potenciais de os pilotos ficarem confusos com a automação da cabine de comando e com o crescente perigo de colisões no solo devido ao congestionamento dos aeroportos.


Houve 475 fatalidades em acidentes aéreos em 2012, comparado com uma média de mais de 770 nos últimos 10 anos, pelos dados da ASN.


Hayes e sua equipe salientaram no relatório de fim de ano que, "infelizmente, nós não acreditamos que as companhias aéreas do mundo de repente se tornaram tão mais seguras assim". Em vez disso, o relatório diz que a queda forte e inesperada na taxa mundial de acidentes talvez "deva ser considerada mais uma exceção do que a regra".


Especialistas acreditam que, para as regiões que já têm taxas de acidentes baixas, melhoras contínuas só serão possíveis se forem analisados enormes volumes de incidentes e outros dados de voos, obtidos de várias companhias aéreas ao redor do mundo, para identificar e eliminar ameaças à segurança.


Os resultados são particularmente impressionantes em vista do crescimento do tráfego aéreo de passageiros. Cerca de 2,9 bilhões de pessoas voaram em 2012, uma alta de 5,5% em relação ao ano anterior, segundo os números mais recentes divulgados pela Organização da Aviação Civil Internacional, um braço da Organização das Nações Unidas. Com o tráfego subindo bem acima da média em algumas regiões, a Oaci prevê que o número total vai dobrar até 2030.


O relatório da Ascend informa que aviões fabricados no Mundo Ocidental tiveram um acidente fatal por 10 milhões de voos em 2012.


"É muito difícil apontar um motivo que explique por que esse ano foi particularmente tão seguro", diz Harro Ranter, presidente da Aviation Safety Network, que é afiliada da Flight Safety Foundation, uma organização mundial sediada nos EUA que promove a segurança aérea. Ranter diz que iniciativas das empresas e de autoridades do setor, combinadas com auditorias externas feitas por organizações internacionais, "continuam a estimular os países a melhorar a segurança aérea".


Corky Townsend, diretora de segurança da divisão de aviões comerciais da Boeing Co., diz:


"Estamos satisfeitos e animados porque os números" mostram melhora constante.


Mas ela acrescenta que isso "não quer dizer que haja menos" foco em obter mais melhoras.


As estatísticas voltam a mostrar que operadoras de turboélices, que geralmente transportam menos passageiros e tendem a servir aeroportos menores do que os jatos de carreira, têm taxas de acidentes bem mais altas.


Para servir ao mundo em desenvolvimento, os turboélices geralmente voam em campos de pouso que são menos avançados e contam com equipamento de controle de tráfego aéreo menos confiável do que os aeroportos de grande porte.


Grupos internacionais e organizações independentes de segurança estão aumentando esforços para ajudar a aprimorar o treinamento de pilotos, melhorar a manutenção e enrijecer a supervisão governamental sobre operadoras de turboélices.


África, América Latina e Caribe respondem, juntos, por cerca de 7% do tráfego global de passageiros, mas tiveram quase metade dos acidentes de 2012, diz Ranter.


Aumentar a segurança em áreas que estão atrasadas vai exigir mais cooperação técnica e compartilhamento de dados com o resto do mundo, segundo Kevin Hiatt, o diretor operacional e próximo presidente da Flight Safety Foundation.


"Realmente, precisamos começar a comparar o que está acontecendo ao redor do mundo", diz Hiatt, e então distribuir as lições aprendidas.


Algumas regiões já estão avançando maneiras de obter mais segurança. Companhias aéreas, autoridades americanas e entidades do setor já se uniram na América Latina e em outros lugares para reduzir acidentes.


Mas, além de turboélices, algumas outras partes da aviação comercial também não estão indo tão bem.


Pela primeira vez desde que a Flight Safety Foundation começou a compilar sua detalhada análise anual, no fim dos anos 90, 2012 teve mais acidentes de jatinhos empresariais do que de aviões de passageiros em todo o mundo, disse Jim Burin, diretor de programas técnicos da fundação, durante uma recente conferência da indústria.


O resultado levou alguns especialistas em segurança a cogitar dar mais ênfase à vistoria desse segmento da aviação comercial.

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