Preço do bilhete de avião dispara em setembro e outubro. Reajustes são estratégia para recuperar margens de lucro

Ana Carolina Dinardo - Do Estado de Minas 

Os brasileiros que pretendem viajar neste fim de ano, não importa se para dentro ou fora do país, devem preparar o bolso. As passagens de avião estão subindo num ritmo alucinante. As tarifas ficaram 40,96% mais caras só no acumulado de setembro e outubro. Tomado isoladamente, esse foi o item que mais pesou na elevação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo –15 (IPCA–15), considerado uma prévia do indicador oficial de inflação, por dois meses seguidos. A má notícia para os turistas não para por aí: as companhias aéreas, que decidiram recuperar a margem de lucro, vão manter os preços nas alturas para melhorar os resultados na alta temporada do fim de ano.

Para o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), os reajustes atendem à necessidade das companhias de repassar aumentos de custos, como o de combustíveis. O querosene de aviação, que responde por um terço do total dos gastos das empresas, acumula alta de 26,23% nos 10 primeiros meses do ano, nos cálculos do Snea. Embora o setor evite assumir, a recomposição das tarifas também responde à pressão dos acionistas, que querem reverter os resultados ruins ao longo de um ano em que tiveram prejuízos ou reduziram drasticamente os lucros. A Gol, por exemplo, registrou perdas de R$ 358 milhões no segundo trimestre, um resultado sete vezes pior do que o de igual período em 2010.

Quando planeja viajar, o funcionário público Antônio Marcones, 53 anos, costuma comprar as passagens com antecedência de pelo menos um mês. Ele observou que, após quatro dias da compra, o preço das tarifas caía. Na última viagem, ele foi surpreendido. “Desta vez, comprei a passagem de São Paulo para Brasília com três dias de antecedência e achei que fosse pagar menos. Pelo contrário, o valor subiu 50%”, lamentou. Ele observou que, nos últimos meses, as tarifas têm mantido uma alta constante. “Quando eu viajei para a Argentina, as passagens foram mais baratas”, comparou.

Recomposição Os passageiros que procuram preços mais acessíveis tentando escapar do encarecimento precisam enfrentar algumas horas a mais de voo. Foi o que fez o gerente de vendas Vitório Ragazzi, 45 anos. Ele pretendia seguir direto de Fortaleza para Manaus, mas o preço de apenas um trecho era de R$ 1,2 mil. Para garantir um valor menor, ele precisou fazer uma escala em São Paulo. “Mesmo sabendo que ia perder praticamente o dia inteiro dentro do avião e nos aeroportos, valeu a pena. Pois comprei a passagem pela metade do preço”, relatou.

A TAM declarou que registrou nos últimos dois meses um aumento do yield — o valor médio pago por passageiro para voar um quilômetro — no mercado doméstico. De acordo com a empresa, o resultado “está alinhado com o movimento de recomposição das margens e confirma a expectativa da companhia de aumento de pelo menos 5% do preço unitário doméstico no terceiro trimestre, na comparação com o período anterior”. A Gol não quis se manifestar sobre os reajustes enquanto não houver a divulgação dos resultados trimestrais da empresa. 

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