Infraero relata dificuldade na desocupação de casas em área desapropriada
Zero Hora
Símbolo do atraso da obra de ampliação da pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a grade de ferro instalada no meio da Rua Polar, no bairro Jardim Floresta, em Porto Alegre, deverá continuar intocável, pelo menos por enquanto. O obstáculo foi erguido pelos próprios moradores, que, aos poucos, começam a deixar a área para dar espaço à obra no aeroporto – ainda longe de começar, apesar de o projeto inicial de ampliação da pista ter sido apresentado em 2006.
O superintendente do aeroporto, Jorge Herdina, disse que, por ora, a Infraero não tem a intenção de dar um fim ao portão, mantido pela vizinhança amedrontada por saques a casas desocupadas. A preocupação, segundo ele, é a demora na desocupação dos imóveis do bairro. Até agora, Herdina diz que apenas cerca de 30 moradias puderam ser demolidas, de um total de 172 propriedades.
Paradoxalmente, os proprietários de 170 delas, conforme a coordenadora da Procuradoria do Domínio Público Estadual, Patricia Dall’Acqua, já assinaram acordos de indenização e foram pagos. Eles receberam um prazo de 90 dias para sair. O processo, porém, vem ocorrendo a conta-gotas.
– A parte que competia ao Estado foi cumprida. Agora depende da Infraero tomar as medidas cabíveis – diz Patricia.
Conforme o morador Vanderlei Caruso, a barreira foi instalada há cerca de dois meses.
Inquilinos querem ficar
O problema que atrasa a ampliação da pista do aeroporto, argumenta Jorge Herdina, é mais complicado do que parece. Além da demora na liberação, ao menos 42 famílias que alugam residências cujos donos já foram indenizados simplesmente se recusam a sair.
– Esperamos resolver isso até julho, no máximo, porque precisamos de ao menos dois meses para fazer a demolição, remover os entulhos e cercar a área, e queremos que as obras comecem em setembro para que fiquem prontas até 2014. Mas não podemos simplesmente expulsar as pessoas – diz o superintendente da Infraero.
A Brigada Militar promete reforçar o policiamento na região, mas informa que também não pretende remover o portão.
– A área é da Infraero. Além disso, é uma rua sem saída, não há prejuízo ao tráfego e todos os moradores têm a chave – ressalta o comandante do 11º BPM, tenente-coronel Robilar Pacheco.
O oficial ordenou que uma viatura fosse até o local na quarta-feira para avaliar o caso. Diante dos relatos, o comandante prometeu reforçar as rondas.