Deborah Berlinck - O Globo
Correspondente

 
PARIS. Investigadores franceses começaram a abrir ontem à tarde as duas caixas-pretas do voo 447 da Air France, que caiu no Atlântico há dois anos, matando 228 pessoas. Mas só na segunda-feira eles poderão dizer se a conversa entre os pilotos e os registros dos parâmetros de voo poderão ser lidos ou não.


O temor é que, depois de dois anos no fundo do mar, a 3.900 metros de profundidade, os registros estejam total ou parcialmente destruídos. As caixas chegaram ontem a Paris. Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), disse estar confiante, mas foi cauteloso:

 
— Exteriormente, as caixas estão em bom estado. Só vamos saber nas próximas horas se há corrosão. Não vou especular.


Troadec disse que, horas depois de uma primeira leitura dos cartões de memória, os investigadores terão “alguns elementos” sobre as causas do acidente, mas ainda estarão longe de uma conclusão:

 
— O processo de investigação é complexo. Não esperem um relatório na próxima semana. Isso vai levar tempo.

 
Na segunda-feira, o BEA revelará o estado dos registros das caixas-pretas. E na quarta-feira, o resultado dos testes de DNA dos dois corpos resgatados. Um representante das famílias, Robert Soulas, que perdeu a filha e o genro no acidente, se mostrou otimista com a possibilidade de se esclarecer a causa do acidente:

 
— Esperamos 23 meses. Estamos aliviados que as caixas foram encontradas e podem, aparentemente, ser exploradas.

 
O diretor do BEA disse que fará tudo para apresentar a conclusão das investigações no inicio de 2012. 


Num laboratório na sede do BEA, em Bourget, periferia de Paris, apenas duas pessoas foram escolhidas para ficar na sala onde as caixas estão sendo abertas: um técnico do BEA, que vai manusear o equipamento, e um oficial da Polícia Judiciária. 

Do lado de fora, acompanhando tudo através de uma janela de vidro, estarão observadores credenciados, entre eles um representante do construtor das caixas (a empresa americana Honeywell) e o brasileiro Luis Lupoli, coronel do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Segundo o militar, a transparência dos franceses é total.

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