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Especialistas apoiam decisão do governo de privatizar aeroportos

Professor da USP alerta para risco de custo da obra ficar acima do estimado
 

Wagner Gomes - O Globo
 
SÃO PAULO. A concessão parcial dos aeroportos brasileiros à iniciativa privada foi elogiada por especialistas do setor aéreo, mas ainda há dúvidas sobre o modelo da permissão, ou seja, não se sabe se a medida abrange somente a construção de terminais de passageiros ou também pistas e áreas de estacionamento. O diretor da consultoria McKinsey, Arlindo Eira Filho, disse que, como detalhes ainda não foram apresentados, é difícil julgar a iniciativa do governo:

 
- Não tenho como avaliar se é a forma mais correta. É uma boa opção, mas não sei se a melhor.

 
A outra seria dar à Infraero condições para acelerar seu próprio plano de expansão.

 
No ano passado, a pedido do BNDES, a McKinsey divulgou um estudo no qual alertou que, para evitar um colapso no setor, a iniciativa privada teria de participar da gestão, construção, reforma e expansão dos aeroportos. Eira Filho destacou que a exploração comercial de terminais aéreos, como prevê o governo, é um bom negócio. Segundo ele, em vários países, 50% da receita dos aeroportos vem dessa forma de negócio:

 
- No Brasil, esse percentual é de 20% a 25%, o que significa um gasto de dois ou três euros por passageiro. Mas a lógica é aumentar esses valores para 13 ou 14 euros, como em outros aeroportos internacionais.

 
Por sua vez, o major-brigadeiro Rafael Rodrigues Filho, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), disse que não adianta construir terminais sem novos pátios e pistas:

 
- Não adianta colocar pista se não tiver pátio. E se não tiver terminal também não adianta.

 
Senadores da base aliada criticam iniciativa
 

Segundo o professor da Universidade de São Paulo Jorge Eduardo Leal de Medeiros, especialista em transporte aéreo, a construção de um terminal está vinculada à instalação de novos pátios de estacionamento. Como o projeto ainda não saiu do papel, ele disse que é difícil saber se o vencedor da licitação poderá apenas explorar comercialmente o espaço. Mas Medeiros acredita que haverá grande interesse de construtoras.
 
- Todas as empreiteiras do país estão se preparando para participar dessa construção. Agora, não se pode cair no que aconteceu no Rio de Janeiro com os Jogos Panamericanos, onde as obras ficaram dez vezes mais caras que o estimado. Quando se paga com urgência, o preço é bem mais caro - alertou.

 
Em Brasília, a iniciativa do governo provocou críticas da oposição e até de aliados. O mais ácido foi o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que chamou de "oportunistas" os ataques petistas às privatizações feitas na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Sua colega Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) também demonstrou contrariedade e fez um alerta:

 
- Guarulhos será o primeiro e é o mais rentável do Brasil, é a galinha dos ovos de ouro. Quem levar Guarulhos tem de levar dez aeroportos deficitários junto.

 
COLABOROU: Maria Lima

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