Pular para o conteúdo principal

Falta 'tempo hábil', diz relatório do TCU

Técnicos do Tribunal de Contas da União apontam falta de planejamento e riscos de não conclusão das obras a tempo para a Copa do Mundo

Marta Salomon - O Estado de S.Paulo

O risco de as obras nos aeroportos não ficarem prontas a tempo da Copa de 2014 foi apontado em recente auditoria aprovada pelo Tribunal de Contas da União. "Entende-se que o planejamento de investimentos efetuado pela Infraero indica a existência de situações que podem resultar em não conclusão das obras em tempo hábil", diz o texto do "Relatório de riscos".

Um dos problemas apontados pelo tribunal foi a concentração de investimentos a partir de 2011, supostamente incompatível com a dificuldade da Infraero de cumprir previsões de investimentos, nos últimos anos. A partir de 2011, os gastos previstos superam R$ 1 bilhão a cada ano, até 2014. "Esses valores são bastante superiores aos efetivamente executados nos últimos anos", diz o relatório do TCU. 

Depois da Copa, as obras nos 13 aeroportos listados pela Infraero receberão investimentos extras de R$ 3,1 bi. Até lá, os investimentos nos aeroportos das cidades-sede somarão R$ 5 bi.

Um dos exemplos citados pelo TCU é o aeroporto de Guarulhos, que concentra em 2013 e 2014 investimentos superiores aos gastos anuais registrados pela estatal nos últimos três anos.

A primeira tentativa de licitar as obras de construção do terceiro terminal de passageiros de Cumbica foi suspensa pela Infraero em 2008, depois que o TCU apontou sobrepreço de R$ 83,5 milhões no projeto da obra. A irregularidade foi considerada grave. Obra mais cara do pacote da Infraero, prevê gastos de R$ 1,2 bilhão até 2014, incluindo a ampliação e revitalização da pista e dos pátios de Cumbica.

O terminal de passageiros, orçado em R$ 1,4 bilhão, só ficará completamente pronto em junho de 2016, mas uma primeira fase da obra começará a operar em novembro de 2013, de acordo com o cronograma da Infraero. Esse também é o prazo previsto para o início de operação do novo terminal de passageiros de Viracopos, em Campinas.

A segunda obra mais cara do pacote da Infraero é destinada a ampliar a capacidade do terminal de passageiros e do pátio do aeroporto de Brasília, que também ficará concluída integralmente somente após a Copa.

"Deve-se considerar o risco de atraso na conclusão das obras decorrentes de falhas no processo de planejamento", avança o "Relatório de riscos" do TCU, baseado no histórico complicado de obras em aeroporto.

Algumas tiveram pagamentos bloqueados, mesmo integrando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O governo conta com a possibilidade de contratação emergencial de empresas para obras de infraestrutura da Copa, mas não está afastado o controle do tribunal sobre os negócios.

PARA ENTENDER

A presença de 500 mil turistas estrangeiros no país durante os jogos da Copa do Mundo e o deslocamento de cerca de três milhões de pessoas a mais nos aeroportos das cidades-sede justificam as obras planejadas pela Infraero. A estimativa foi feita pelo Ministério do Esporte.

O aumento do número de passageiros em junho e julho de 2014 seria equivalente ao porcentual médio registrado no Brasil desde o início do governo Lula, a cada ano.

Avaliação da Infraero mostra que seis aeroportos já operavam acima da capacidade em 2009, em Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Fortaleza, São Paulo e Porto Alegre.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul