Boas vendas deixam companhia em posição mais confortável para enfrentar a chegada de novos fabricantes
Cláudia Bredarioli - Brasil Econômico
O desempenho em negócios fechados na feira de Farnborough, na Inglaterra, deve marcar o fim do período de recessão enfrentado pela Embraer que levou, por exemplo, à decisão de demitir mais de 4mil funcionários — cerca de 20% de sua força de trabalho — no ano passado. Além disso, as negociações fechadas no evento confirmam que os jatos 170, 175, 190 e 195 ratificam a posição da companhia com certo domínio no mercado global de jatos regionais. Tanto que a própria Bombardier — concorrente direta da Embraer nesse mercado — registrou até ontem bem menos operações de venda do que a companhia brasileira: foram cerca de 50 aviões vendidos pela Embraer, ante nove aeronaves comercializadas pela empresa canadense.
Mas, apesar do bom desempenho das vendas em território britânico, a Embraer já trabalha de olho o aumento da concorrência nesse mercado. A partir do fim deste ano vários modelos de fabricantes orientais começam a chegar ao mercado para disputar espaço. Entre os principais modelos a serem lançados estão o ARJ 21, fabricado pela chinesa Comac; o Superjet 100, da russa Sukkoi; o MRJ da japonesa Mitsubishi; e o CS Series,da própria Bombardier, previsto para estar pronto até 2014.
Além dos jatos comerciais, no mercado de defesa, o evento do Reino Unido também mostrou à Embraer que os países que atualmente estão em guerras consideradas assimétricas têm mostrado curiosidade pelo Super Tucano, segundo informação do vice-presidente executivo para o mercado de defesa da empresa, Orlando José Ferreira Neto. Guerra assimétrica é um termo técnico para designar conflitos onde um lado tem poder muito maior do que o outro.
Segundo o executivo da Embraer, existe a constatação que os atuais equipamentos não são eficientes para combater em situações de guerrilha. É o caso da guerra no Afeganistão, onde os Estados Unidos e o Reino Unido enfrentam dificuldades e resistências.
Próximos passos
Outro mercado no qual a fabricante de aviões brasileira tem se focado é o da aviação executiva, um setor no qual a companhia começou a se aventurar em 2001. A expectativa do presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, é de que até 2015 a companhia brasileira esteja posicionada entre as cinco maiores deste mercado.
Em busca dessa consolidação de posição, a empresa estará presente na 58ª edição do EAA AirVenture Oshkosh para apresentar o mais novo jato da Embraer em operação, o Phenom 300, da categoria light, que incorpora aviônicos de última geração e a maior cabine da categoria." Trazer o jato Phenom 300 pela primeira vez ao EAA AirVenture é motivo de celebração para a Embraer", disse, em nota divulgada pela empresa, Ernest Edwards, diretor de marketing e vendas da Embraer para os EUA, Canadá, México e Caribe.
CENÁRIO
- Com a crise enfrentada entre 2008 e 2009 — e conseqüente retração de pedidos em carteira — a Embraer reviu sua previsão de receita para 2010.
- Enquanto em 2009 a companhia registrou receita de US$ 5,5 bilhões, a previsão para este ano é US$ 5 bilhões.
- Fabricante brasileira quer tirar o foco da sua receita apenas da aviação comercial, crescendo em aviação executiva e defesa.
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