Pular para o conteúdo principal

“Até julho, liberamos a cabeceira para a nova pista do aeroporto”

Humberto Trezzi - Zero Hora

A pior parte da novela de ampliação do aeroporto Salgado Filho, com desapropriações empacadas e licitações contestadas, passou. Quem garante é Jorge Dusso, diretor-geral substituto do Demhab e encarregado da remoção de duas vilas situadas na cabeceira da pista de aviação, cujas casas impedem a instalação de equipamentos necessários para voo sob neblina. Sem essa aparelhagem, atrasos são constantes em Porto Alegre. Até agora, foram transferidas apenas 152 famílias, das 2,9 mil que devem ser removidas.

Zero Hora – Desde 1997 autoridades projetam a ampliação do Aeroporto Salgado Filho. Passados 13 anos, menos de 10% das casas situadas na área destinada ao aumento da pista e terminais de carga foram removidas. Qual o motivo?

Jorge Dusso – Por diversas razões. Em qualquer obra, leva-se mais tempo no planejamento, orçamento e licitação, do que na construção em si. Dia desses, para retirar uma árvore situada onde planejávamos uma casa, levamos mais de seis meses. Hoje, todo projeto arquitetônico de grande porte exige demorada análise de licenciamento ambiental. A escolha de um terreno depende disso e muitas vezes não existe essa área livre de empecilhos. Um segundo ponto é o orçamento. Para remover a Vila Dique, tivemos de refazer três vezes a licitação. É que orçamos as obras de acordo com uma tabela de gastos exigida pela Caixa Econômica Federal (CEF), considerada defasada pelos construtores, já que o mercado está aquecido. O resultado é que os interessados não apareceram para disputar a concorrência ou se retiraram, após participar. Só depois de três tentativas chegamos ao preço final e as obras começaram, em outubro passado. Depois de iniciar as primeiras 152 novas casas, orçadas em R$ 33 milhões, ainda tivemos de aditar mais R$ 6 milhões para construção de muros e chapas no lugar de estacas, porque o dinheiro orçado inicialmente não as contemplava.

ZH – Mas dinheiro existe? E não existia antes?

Dusso – Dinheiro existe e acho que nunca foi o problema, porque o governo federal sempre se comprometeu com repasses. Afinal, o aeroporto é obra federal. Toda a remoção deve sair por menos de R$ 500 milhões. O que mais atrapalha, realmente, são os licenciamentos e as licitações, tudo muito demorado e tudo muito contestado. Para dar uma ideia, uma das vilas situadas nas proximidades de onde construiríamos as novas residências da Dique se levantou contra a remoção do pessoal para aquele lugar. E tivemos de mudar o lugar. Agora pretendemos concluir a remoção das 1.469 casas da Dique até junho de 2011.

ZH – Isso é metade das remoções previstas. Como fica a outra metade? Até a Copa sai?

Dusso – Sai, com certeza. Já temos três áreas, perto do limite de Porto Alegre com Alvorada, que serão destino de 1,3 mil famílias da Vila Nazareth. Até o fim deste ano, vamos começar a licitação para construir as casas. Quando a Nazareth for removida, será ali o terminal de carga da nova pista do aeroporto. E aí o Estado terá de remover outras casas, boas, do Jardim Floresta. Tudo estará terminado em 2013, pode anotar.

ZH – O senhor sabe que a população ouve essa promessa há 13 anos. Que garantias existem?

Dusso – Como eu disse, o problema é muito maior no início, para deslanchar projetos, licenças, áreas e licitações. As áreas são densamente povoadas, desapropriações têm de ser pagas aos donos dos terrenos que foram invadidos por essas vilas...Tudo findo, fica fácil. As obras são rápidas. E até julho liberamos a cabeceira para a nova pista do Salgado Filho, pode anotar. É o miolo das vilas, aí a ampliação do aeroporto pode começar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul