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Foco de expansão é Viracopos, diz novo presidente da Infraero

Para o engenheiro Murilo Marques, projetos são para 5 anos, priorizando a Copa

ELIANE CANTANHÊDE

COLUNISTA DA FOLHA de São Paulo

Ao assumir hoje a presidência da Infraero (estatal responsável pela infraestrutura aeroportuária), o engenheiro elétrico Murilo Marques, carioca, 55, sofrerá três tipos de pressão: política, por verbas e vagas; econômica, pela privatização ou não; temporal, para evitar um fiasco na Copa do Mundo.

Marques, que atuava na área técnica do Planalto no governo tucano, está no Ministério da Defesa desde José Viegas, no primeiro mandato de Lula.

Sua indicação para a Infraero foi feita pelo ministro Nelson Jobim. "Jobim sempre rejeitou quaisquer interferências sobre a Infraero", disse ele à Folha, dando de ombros à pressão do PMDB para evitar sua posse.

Segundo Marques, a privatização ou não da Infraero é "decisão de governo, não da empresa".

Sua prioridade será outra: "Temos de concentrar nossos esforços para a Copa". Dinheiro, disse, não falta.

FOLHA - Como foram as pressões do PMDB para evitar sua nomeação e ficar com o cargo?

MURILO MARQUES - Vi em blogs e colunas sociais, mas nem levei isso a sério.

FOLHA - Qual o encanto da Infraero para partidos e políticos? Por que sempre querem pular dentro?

MARQUES - Desconheço. Tenho convivido com vários partidos e parlamentares e nunca senti pressão nenhuma. A Infraero é uma empresa técnica, eu sou um técnico, não vejo pressão.

FOLHA - Quanto mais técnico, não é mais suscetível à pressão do poder político, principalmente em época eleitoral e de financiamento de campanha?

MARQUES - O ministro Jobim sempre rejeitou quaisquer interferências sobre a Infraero. Tanto Gaudenzi quanto o brigadeiro Nicácio [seus antecessores] tiveram carta branca para escolher suas diretorias.

FOLHA - E a saturação em São Paulo e Rio de Janeiro?

MARQUES - Já há estudos aprofundados mostrando que está chegando, sim, a esse ponto de saturação. Por isso os projetos de expansão são para cinco anos, e o principal alvo é o aeroporto de Viracopos [Campinas]. É um aeroporto que tem uma capacidade de absorção muito grande, capaz de atender perfeitamente a demanda crescente para a região, mas isso depende de vários fatores, como o acesso intermodal, que inclui o trem-bala.

FOLHA - E há dinheiro para viabilizar Viracopos como opção? Como está o orçamento?

MARQUES - Orçamento não é problema, nós temos é de trabalhar mais e executar mais obras.

O PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] tem atendido as necessidades de recursos, e a Infraero tem também receita própria com as taxas aeroportuárias. A Infraero tem dotação suficiente. Não tem saldo, mas tem até uma folguinha para concluir obras paradas por ordens judiciais ou pelo TCU [Tribunal de Contas da União], como em Macapá, Goiânia e Vitória.

FOLHA - O Galeão, que está em reforma, ficará pronto para a Copa do Mundo? Há notícia de atrasos...

MARQUES - Com certeza ficará pronto. Nós temos de concentrar nossos esforços para a Copa do Mundo, porque já há um levantamento feito, mostrando que, além do fluxo da aviação regular, também vai haver um impacto muito grande no fluxo dos jatos particulares, dos voos fretados, dos helicópteros.

FOLHA - E quanto ao trauma do acidente de Congonhas e a questão da segurança das pistas?

MARQUES - As pistas estão boas, funcionando normalmente. O governo avaliou, fez as obras necessárias e faz vistorias sistematicamente. Congonhas está funcionando muito bem. Meu problema é de investimentos e de ampliação para o futuro, porque, nessa área, a tecnologia tem de estar permanentemente atualizada.

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