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Governo só negocia depois da Páscoa com controladores de vôo

O governo decidiu só retomar as negociações com os controladores de vôo se o tráfego aéreo for normalizado no feriado da Páscoa. 'Vamos negociar, mas não podemos fazer isso com a faca no pescoço', disse o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) após reunião com líderes dos controladores.

Lula adia negociação e libera prisões em caso de nova greve

Governo só voltará a conversar com controladores se não houver problemas na Páscoa

O governo conta com a divisão dos sargentos e com um plano de emergência caso ocorra uma nova paralisação no feriado

EDUARDO SCOLESE, PEDRO DIAS LEITE, VALDO CRUZ E IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA - FOLHA DE SÃO PAULO

Após recuar no acordo com os controladores de vôo amotinados na sexta passada, o governo endureceu mais sua posição, disse que só retomará as negociações se não houver problemas na Páscoa e autorizou a Aeronáutica a prender os sargentos no caso de nova greve.

Ontem pela manhã, enquanto o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, se reunia com líderes da categoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos presidentes dos partidos aliados que o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, poderá prender os controladores em caso de novo motim.

Na sexta-feira, Lula proibiu Saito de prender os controladores e nomeou Bernardo (ministro civil) para negociar com os grevistas, o que desencadeou uma crise na Aeronáutica.

Na reunião com os partidos, chamada justamente para tratar da crise aérea, Lula, segundo participantes, afirmou que a responsabilidade está com a Aeronáutica e que Saito cuidará de todas as negociações.

No Ministério do Planejamento, na reunião de 40 minutos com os controladores de vôo, nenhuma reivindicação da categoria foi atendida.

Na saída, Paulo Bernardo disse que "o governo vai negociar, mas nós não apenas pedimos como exigimos que haja condição de absoluta normalidade no funcionamento do sistema". E completou: "Ou seja, não podemos fazer isso [negociar] com a faca no pescoço."

A intenção é esperar o feriado para avaliar se a categoria está realmente disposta a normalizar o tráfego aéreo. Só depois seriam retomadas as conversas para a desmilitarização do serviço - uma das principais reivindicações da categoria - e a criação de uma nova secretaria responsável por gerir o tráfego aéreo civil.

"Fica muito difícil negociar e discutir com constantes ameaças de retomada de movimento, de fazer greve novamente, de transformar a Páscoa num inferno. Senti deles uma receptividade boa", disse.

O governo conta ainda com a divisão dos controladores e um plano de emergência da Aeronáutica para o caso de nova paralisação. A decisão de retardar as negociações partiu de Lula, depois de receber informes de que líderes dos controladores estariam prometendo fazer nova greve na Semana Santa.

Irritado, Lula disse se sentir traído e que não aceitaria mais chantagens, após ter cedido às pressões na sexta, quebrando a hierarquia militar e gerando uma crise nas Forças Armadas.

Na reunião com o ministro, os controladores souberam também que não há mais certeza de que não serão punidos, o que consideraram uma traição porque receberam a promessa, em nota assinada por Paulo Bernardo no dia da greve, de que isso não iria acontecer.

"O que garantimos naquela sexta-feira é que ninguém seria preso ali e algumas transferências seriam canceladas. Isso foi cumprido. Depois a Justiça Militar decidiu abrir os inquéritos, aí não temos condições de interferir", disse Paulo Bernardo.

Esse não é o entendimento dos controladores, que diante da abertura dos inquéritos policiais militares vão batalhar por anistia. O ministro afirmou que em nenhum momento prometeu anistia aos grevistas. "Anistia só acontece depois que alguém é punido. Até o momento, ninguém foi condenado. E essa medida tem de ser adotada pelo Congresso Nacional."

Na sexta-feira, para obter o compromisso de retomada do trabalho, Bernardo, além da não-punição, prometeu o pagamento de uma gratificação e a desmilitarização do setor.

Na reunião, os controladores ficaram insatisfeitos com a informação de que a desmilitarização será lenta, que será tocada pelo comandante da Aeronáutica, e que ainda não há definição sobre o valor da gratificação reivindicada.

Segundo o ministro, a transferência para uma secretaria civil precisa ser feita por meio de projeto de lei complementar.

Após a reunião, os controladores comentaram que o ministro havia sido desautorizado por Lula. Bernardo não concorda. Diz que a decisão de Lula é continuar as negociações, desde que haja normalidade. Os controladores não deram declarações após a reunião.

Bernardo também apresentou uma versão para o rompimento do acordo com os controladores de vôo: "Tivemos uma situação completamente atípica e claramente fora de controle. Fui pra lá com o objetivo de garantir um espírito mais tranqüilizado. Acho que conseguimos".

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