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Boeing negocia aquisição da Embraer, diz jornal americano

Negociação foi confirmada pelas empresas; segundo elas, detalhes do acordo estão em discussão e não há garantia de que eventual operação será fechada; ações da Embraer dispararam


Por Marina Gazzoni e Helton Simões Gomes | G1

As fabricantes de aeronaves Embraer e Boeing estão negociando uma fusão. A informação foi divulgada pelo jornal americano "Wall Street Journal" no ínicio da tarde desta quinta-feira (21) e confirmada por volta de 17h pelas duas empresas.

Embraer lança maior jato comercial do Brasil, o E195-E2 (Foto: Poliana Casemiro)
Embraer lança maior jato comercial do Brasil, o E195-E2 (Foto: Poliana Casemiro)

As ações da empresa chegaram a disparar cerca de 40% durante o dia. Fecharam em alta de 22,5%, a R$ 20,20. Em um dia, o valor de mercado da empresa subiu R$ 2,7 bilhões, para R$ 14,8 bilhões, segundo cálculo da provedora de serviços financeiros Economatica.

A união entre as empresas pode criar uma gigante global de aviação, com forte atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional, e capaz de fazer frente a uma união similar entre as concorrentes Airbus e Bombardier.

"Boeing e Embraer confirmaram hoje que as duas companhias encontram-se em tratativas em relação a uma potencial combinação de seus negócios, em bases que ainda estão sendo discutidas. Não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões", informaram Boeing e Embraer em comunicado conjunto.

De acordo com o jornal americano, as empresas aguardam a posição do governo brasileiro sobre o negócio. A União tem uma ação de classe especial, chamada de "golden share", que dá poder de veto em decisões estratégicas da Embraer. Isso ocorre porque a empresa nasceu como estatal e foi privatizada nos anos 90.

Em comunicado, Embraer e Boeing esclareceram que, se fecharem acordo de fusão, ele ainda precisará do aval de autoridades brasileiras e americanas.

"Qualquer transação estará sujeita à aprovação do governo brasileiro e dos órgãos reguladores, dos conselhos de administração das duas companhias e dos acionistas da Embraer", disseram as empresas. Procurado, o Ministério do Planejamento disse que não vai comentar a questão.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou a Embraer por ter divulgado um fato relevante durante o pregão. A empresa explicou que a "oscilação rápida e significativa da cotação da ação" foi o que "tornou imperativa imediata".

Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região informou que repudia a possibilidade de compra da empresa pela Boeing. "A Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro."

O sindicato pede que o governo faça uso de seu poder de veto e impeça o negócio. Em setembro deste ano, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, consultou o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre como o governo poderia se livrar das "golden share" em ex-estatais, como, por exemplo, Embraer e Vale.

Prêmio para acionistas

O acordo envolveria um prêmio alto para os atuais acionistas da Embraer, segundo o Wall Street Journal. Atualmente, a Embraer tem um valor de mercado de cerca de US$ 3,7 bilhões.

Os rumores sobre o negócio fizeram as ações da Embraer dispararem na bolsa de valores de Nova York e de São Paulo nesta quinta-feira (21). As ações chegaram a subir cerca de 40% na bolsa brasileira. Como subiram mais do que 10% no pregão, as ações da Embraer chegaram a ter sua negociação interrompida por 30 minutos.

A Embraer é uma empresa privada, de capital aberto. A maioria dos seus acionistas são donos de ações da empresa negociadas na bolsa de valores de Nova York e de São Paulo. Esses acionistas, que são donos de fatias menores do que 5% da empresa, juntos detêm um total de 64,5% da empresa. O maior acionista individual é o fundo de investimentos americano Brandes, dono de 15% da empresa.

Tendência de consolidação

As supostas discussões entre Boeing e Embraer ocorrem meses após as suas principais concorrentes, a europeia Airbus e a canadense Bombardier, unirem esforços. A Airbus comprou uma participação majoritária na produção do modelo C-Series, uma família de aeronaves de médio alcance, com capacidade de transportar entre 100 e 150 pessoas, concorrente direta dos jatos da Embraer.

A Airbus e a Boeing são as principais fabricantes de aeronaves comerciais para voos de longa distância. Já a Embraer e a Bombardier lideram o mercado de jatos regionais, com aeronaves equipadas para voar distâncias menores.

Boeing e Embraer já são parceiras em diversos projetos. Elas anunciaram neste ano um acordo para venda e suporte técnico do novo cargueiro da Embraer, o KC-390. As duas empresas mantêm um centro de pesquisas conjunto sobre biocombustíveis para aviação em São José dos Campos desde 2015.

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