Pelas regras do mercado, empresas devem evitar a divulgação de fatos relevantes durante o pregão; empresa ganhou R$ 2,7 bilhões em valor de mercado com alta 22,5% nas ações nesta quinta-feira (21).
Por Taís Laporta | G1
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou a fabricante de aeronaves Embraer por ter divulgado um fato relevante na tarde desta quinta-feira (21), antes do fechamento da bolsa, confirmando que a empresa negocia uma fusão com a Boeing.
Gráfico mostra alta repentina das ações da Embraer após notícia sobre negociações de fusão com a Boeing (Foto: B3/Divulgação) |
Pelas regras do mercado, as empresas listadas na bolsa devem evitar "sempre que possível" divulgar comunicados (fatos relevantes) durante o horário das negociações, para não influenciar o valor das ações. O fato relevante foi publicado nos sites da B3 e da CVM às 16h42, mas o pregão só foi encerrado às 18h15.
As ações da empresa chegaram a disparar cerca de 40% após a divulgação da notícia. Fecharam em alta de 22,5%, a R$ 20,20. O valor de mercado da empresa subiu R$ 2,7 bilhões, para R$ 14,8 bilhões, segundo cálculo da provedora de serviços financeiros Economatica.
Em resposta à CVM, a Embraer informou que apesar de não costumar divulgar fatos relevantes durante o pregão, "a oscilação rápida e significativa da cotação da ação, seguida da divulgação da notícia em um número relevante de publicações nacionais e internacionais, minutos após a divulgação da notícia originalmente publicada, tornou imperativa a divulgação imediatado fato relevante".
Deste modo, a companhia acrescentou que não foi possível evitar a divulgação dirante de "notícia tão significativa, com o que se buscou atender a determinação do Ofício SAE em questão, no sentido dessa divulgação antecipada".
"No entanto, tratando-se de comunicado que deveria necessariamente ser preparado em conjunto pela Embraer e pela Boeing, de sorte a evitar declarações desencontradas que viriam resultar em desinformação do mercado, fez-se necessário um alinhamento entre as referidas partes à luz da notícia publicada, situadas em países diferentes, razão pela qual a Embraer veio a divulgar o Fato Relevante no menor prazo razoavelmente possível", declarou a Embraer.
União pode criar gigante global
A união entre as empresas pode criar uma gigante global de aviação, com forte atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional, e capaz de fazer frente a uma união similar entre as concorrentes Airbus e Bombardier.
"Boeing e Embraer confirmaram hoje que as duas companhias encontram-se em tratativas em relação a uma potencial combinação de seus negócios, em bases que ainda estão sendo discutidas. Não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões", informaram Boeing e Embraer em comunicado conjunto mais cedo.
Em comunicado, Embraer e Boeing esclareceram que, se fecharem acordo de fusão, ele ainda precisará do aval de autoridades brasileiras e americanas.