Aeronave foi usada para evento de Natal na sede social do Esporte Clube Santo André. Horas depois, helicóptero caiu em São Lourenço da Serra matando 4 pessoas.
Por Roney Domingos | G1 São Paulo
O helicóptero que caiu na tarde de domingo (4) em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo, matando quatro pessoas, entre elas, uma noiva a caminho do altar, tinha transportado horas antes um Papai Noel do estádio Bruno Daniel, em Santo André, no ABC, até o campo da sede social do Esporte Clube Santo André, na mesma cidade.
Helicóptero acidentado | Divulgação |
O helicóptero modelo Robinson R44 Raven II prefixo PR-TUN chegou ao clube por volta do meio-dia com o Papai Noel a bordo. Um sócio do clube ganhou um sorteio e teve direito a dar uma volta panorâmica com o helicóptero, acompanhada de uma criança. Depois, o helicóptero foi embora sem o Papai Noel, que seguiu de carro.
Gabriel Ortiz, coordenador de esportes do Santo André, não soube dizer se o piloto do helicóptero que pousou em Santo André era Peterson Pacheco, que morreu à tarde no acidente.
Noiva e irmão são enterrados
Os corpos de Rosemeire Nascimento Silva, noiva que morreu em um acidente de helicóptero em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo, e do irmão dela, Silvano Nascimento da Silva, que também estava na aeronave, foram enterrados na tarde desta segunda-feira (5), no Cemitério Parque Paulista, em Embu das Artes.
Rosemeire tinha o sonho de chegar ao seu casamento de helicóptero, segundo o dono do buffet e responsável pela organização da festa, Carlos Eduardo Batista. O noivo a aguardava no altar quando soube do acidente com o helicóptero que deixou a sua futura mulher, o irmão dela, a fotógrafa do casamento, que estava grávida de seis meses, e o piloto, mortos.
A cerimônia e a festa aconteceriam às 16h deste domingo (4), no Recanto Beija-Flor, espaço para eventos na cidade da Grande São Paulo, mesmo horário da queda da aeronave.
“O noivo não sabia que ela chegaria de helicóptero. Seria uma surpresa para ele e para todas as pessoas da festa. Todas as noivas tem um sonho e o dela era chegar de helicóptero a seu casamento sem que ninguém soubesse”, disse Carlos, um dos poucos que sabia da surpresa para poder organizá-la.
Segundo informações da delegacia de Itapecerica da Serra, que apurou o caso, morreram no acidente:
- Peterson Pinheiro (piloto)
- Rosemeire Nascimento Silva (noiva)
- Silvano Nascimento da Silva (irmão da noiva)
- Nayla Cristina Neves Lousada (fotógrafa)
A Polícia Civil de São Lourenço da Serra investiga a hipótese de que o helicóptero Robinson 44 possa ter batido em uma árvore. Para o delegado responsável pelo caso, Flávio Luís Teixeira, "as condições do tempo na hora podem ter sido determinantes".
"Pelo que ouvimos das pessoas que moram próximas, chovia e estava nublado e com neblina no hora da queda", disse o delegado.
Moradores próximos ao local relataram que o helicóptero pode ter colidido contra uma montanha próxima ou sofrido com rajadas de vento, disse o delegado, mas a perícia na Aeronáutica será essencial para explicar as causas da queda.
"Eu acredito que o tempo pode ter sido determinante para a queda da aeronave", disse ele. "Se uma árvore de 20, 40 metros de altura em um morro de 80 metros, estamos falando aí em 120 metros de altura que podem ter interferido", disse ele.
Um inquérito foi instaurado como homicídio culposo, para apurar se houve imprudência, negligência ou imperícia envolvidas no acidente.
"Já pedi à Aeronáutica a documentação sobre o helicóptero, queremos saber se as vistorias estavam em dia. Vou ouvir os donos do helicóptero e os familiares das vítimas, para saber como foi o processo de locação para o serviço. Também vou pedir documentação à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre a habilitação dos pilotos e também tentar achar alguma testemunha", afirmou Teixeira.
O inquérito só pode ser finalizado com a perícia do local e dos corpos pelo Instituto de Criminalística, o que deve levar cerca de 30 dias.
O helicóptero partiu do hangar da empresa HCS Taxi Aéreo, que é proprietária da aeronave, em Osasco. O G1 pediu a posição da empresa sobre o acidente e aguarda retorno.
Aeronáutica investiga
O major Caio Batalha, investigador do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 4), afirma que as copas das árvores do local onde o helicóptero caiu estão quebradas, o que indicaria que as hélices da aeronave colidiram com as árvores.
"Eu não posso afirmar que caiu por causa disso, todos os fatores contribuintes serão analisados mas a copa das árvores estão quebradas. Pode ser que as copas se quebraram como causa ou cconsequência da queda. Ou as hélices se bateram e caiu ou se chocou por causa da queda. Tiramos fotos e vou analisar", afirmou o oficial.
Peças da aeronave que sobraram passarão por perícia em centro de análise da FAB em São Carlos. Uma equipe do Seripa foi nesta manhã ao heliponto de onde o helicóptero partiu em Osasco para conversar com técnicos da manutenção da mesma e buscar a documentação da aeronave. Ainda não se sabe a altitude em que o helicóptero voava quando caiu.