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Avião da TAM que ia para SP faz pouso não previsto nas Ilhas Canárias

Sentimos cheiro de queimado, diz passageiro após pouso não previsto.Estudante relata que odor começou três horas depois da decolagem.


Karina Trevizan
Do G1, em São Paulo

Um estudante de engenharia de São Paulo que estava entre os passageiros do voo JJ9374, que seguia de Frankfurt, na Alemanha, para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, conta que os passageiros sentiram um cheiro semelhante a plástico queimado cerca de três horas após a decolagem. A aeronave da TAM fez um pouso não previsto na tarde do último sábado (22), em Gran Canaria, nas Ilhas Canárias. O voo transportava 234 passageiros e 17 tripulantes, segundo a TAM.“O voo até então estava tranquilo. Após três horas, começamos a sentir um cheiro de alguma coisa queimada, algo como plástico, bem forte. Chamamos a aeromoça. Ela comunicou o comandante e depois de 10 minutos o cheiro passou”, afirma o estudante Evandro Mendes.

A TAM confirma que houve um "cheiro desconfortável", fruto de problemas operacionais relacionados a um equipamento chamado Recirculation Fan, instalado em um dos banheiros do fundo (veja ao fim do texto a íntegra da nota de esclarecimento da TAM).

“Durante o almoço, o cheiro voltou, depois que a gente já tinha passado umas 200 milhas das Ilhas Canárias", diz Evandro. "Nesta segunda vez, o piloto entrou em contato com a gente e disse que, por questões de segurança, a gente iria fazer um pouso de emergência nas Ilhas Canárias.”

“Quando seguiamos para o aeroporto das Ilhas Canárias, por questões de segurança, o comandante eliminou boa parte do combustível, o que assutou ainda mais alguns passageiros", completa o estudante. "O aeroporto aguardava sob alerta laranja, com a presença do corpo de bombeiros e polícia. O avião ficou isolado na pista, e voos foram desviados por cerca de uma hora."

Falta de informação

O jornalista Raul Costa Jr., que também estava a bordo, relatou em entrevista à GloboNews (assista ao lado) que o pouso provocou uma grande tensão entre os passageiros. "Não houve pânico, mas houve uma tensão obviamente porque o comandante avisou que estava retornando por um problema no avião, não especificou qual o problema", conta.

Segundo ele, era possível ver pela janela que o avião estava descarregando o combustível, o que aumentou o nervosismo dos passageiros. Ele observa que o pouso ocorreu de forma muito rápida: logo quando a aeronave retornou, já entrou na pista.

O jornalista se queixou do atendimento oferecido pela TAM. "Ficamos sem informação durante 7 horas. A gente desembarcou e nos deixaram em uma área restrita do aeroporto sem nenhuma informação". Depois que os passageiros foram encaminhados para um hotel e permaneceram sem informações, houve inclusive uma revolta entre os passageiros. "Hoje às 14h, apareceu um funcionário da TAM para dizer que não tinha nenhuma informação. Houve uma reação muito violenta dos passageiros, eles foram pressionados e em uma hora e meia voltaram dizendo que tinham conseguido arrumar o avião e poderíamos voltar às 8 horas da noite", conta.

Evandro também se queixa do atendimento da TAM e da demora por esclarecimentos. "A TAM foi omissa conosco em mais de 20 horas", diz. “Ficamos em torno de duas horas e meia em uma sala trancados, sem comida, água nem informação. Ninguém nos acompanhou, ficamos apenas com nossas bagagens de mão. Após isso os próprios seguranças do aeroporto, vendo a nossa situação, resolveram abrir a sala para a gente sair.”

Hotel e dinheiro para refeição

Evandro conta que os passageiros receberam um voucher de 12 euros para comer e em seguida foram encaminhados para um hotel. De acordo com outra passageira do voo, Heide Ribeiro, os passageiros que quiseram consumir comidas ou bebidas no hotel tiveram que pagar do próprio bolso pelo consumo. Ela também relatou que muitos dos passageiros não puderam trocar de roupa, já que a TAM não liberou as bagagens.

Segundo Evandro, os passageiros começaram a ler os jornais locais para terem mais informações sobre o ocorrido. “Comecei a procurar notícias nos jornais daqui e afirmavam que a TAM estava transportando gás sulfúrico fosfórico”, diz o estudante, completando que os passageiros não conseguiram confirmar a informação com a companhia. O contato com a companhia, segundo Evandro, ocorreu somente neste domingo às 14h, mas a empresa disse não ter informações para acrescentar. "Depois de uma hora retornaram dizendo que era uma falha no ar condicionado.”

Em nota, a TAM afirma que "não houve nenhum problema com as cargas que estão no porão da aeronave, o que foi confirmado pelas equipes técnicas que já vistoriaram o avião".

Evandro afirma que os passageiros receberam a notícia que o embarque com destino a São Paulo aconteceria às 20h (horário local), no mesmo avião. O estudante, porém, decidiu não embarcar. “Não vou colocar minha vida em risco. Não acredito que uma falha no ar condicionado possa ter causado isso. Não acreditei na resposta que me deram, então preferi não embarcar no mesmo avião.” O estudante afirma que irá embarcar em um voo na segunda-feira (24) com conexão em Madri, pago pela TAM. “Muitas pessoas perderam conexões, passagem de ônibus, tempo e dinheiro."

Veja a íntegra da nota da TAM Linhas Aéreas:

"A TAM Linhas Aéreas informa que a aeronave que operava o voo JJ9374 (Frankfurt-São Paulo/Guarulhos) e que foi alternada para o aeroporto de Las Palmas, nas Ilhas Canárias, em 22 de fevereiro, teve problemas operacionais. Equipes técnicas da TAM deslocadas da Europa estão no local realizando a manutenção, e a aeronave está programada para decolar nas próximas horas, para seu destino final.

A TAM esclarece que não houve nenhum problema com as cargas que estão no porão da aeronave, o que foi confirmado pelas equipes técnicas que já vistoriaram o avião. A companhia segue rigidamente todas as legislações que regulamentam o transporte de cargas realizado em aviões de passageiros".


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