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Plano B para o aeroporto de Cuiabá prevê terminal de lona


A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann admitiu preocupação com obras em atraso


Por Andrea Jubé | Valor

De Brasília

A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que comanda a força-tarefa criada pela presidente Dilma Rousseff para coordenar os trabalhos e garantir a realização da Copa do Mundo, admitiu preocupação com obras em atraso, como o aeroporto de Cuiabá (MT), e adiantou o plano B do governo: um terminal de lona.

Em entrevista ao Valor, ela fez um balanço dos preparativos para a Copa e admitiu que há uma grande preocupação com os protestos, embora, em comparação com os que marcaram a Copa das Confederações em junho, o governo se considera "muito mais preparado" para eventuais atos de vandalismo. "Temos que respeitar os protestos, mas os pacíficos", ressalvou. "Não vamos permitir depredadores do patrimônio público, que firam a segurança das pessoas, nem que a violência impossibilite os jogos".

Auxiliares próximos à presidente avaliam que um eventual fracasso na realização da Copa, contaminado por uma nova onda de protestos, e com a reedição dos atos de vandalismo, é a maior ameaça à reeleição de Dilma - mais do que a disputa eleitoral com a oposição. Por isso, nos bastidores, a tensão pré-Copa volta-se mais à área de segurança, e ao adequado enfrentamento à possível reedição dos protestos, do que à infraestrutura.

Dos 13 aeroportos em reforma, sendo 12 nas cidades-sedes, mais Viracopos em Campinas (SP), apenas a falha no cronograma em Cuiabá contraria o governo. Problemas na elaboração do projeto e na licitação causaram o atraso. Se as obras no terminal de passageiros da capital mato-grossense não forem concluídas até maio, o governo vai erguer uma estrutura de lona, provisória e climatizada, para receber os torcedores. "Não é uma lona fina, ela climatiza, organiza, fica bonito, mas não tem a durabilidade de uma construção", diz a ministra.

À frente das ações de monitoramento da Copa desde agosto de 2011, Gleisi já conduziu mais de 90 reuniões para discussão de problemas, acompanhamento de cronogramas e cobrança de resultados.

A partir de outubro, o grupo passou a acompanhar de perto, junto com a Embratur, os preços de hospedagem e passagens aéreas no período do evento.

De saída do cargo, para concorrer ao governo do Paraná, ela ressalva que o "Ministério dos Esportes é o grande coordenador do mundial". Resguarda o papel do ministro Aldo Rebelo, que desistiu de concorrer ao governo de São Paulo, a pedido de Dilma, para concluir preparativos do evento.

O governo avalia que as obras nos demais aeroportos transcorrem em ritmo adequado.

"Guarulhos, Brasília e Campinas estão com ritmo de obras do concessionário avançados, vamos ter as obras entregues num tempo confortável", diz Gleisi.

Quanto aos portos, o governo espera a conclusão das obras em cinco terminais até maio. Os portos de Salvador (BA) e Santos (SP) terão as obras finalizadas no próximo mês. Natal (RN), Fortaleza (CE) e Manaus (AM) serão entregues em maio. E o porto de Recife (PE) foi concluído em agosto.

A construção ou reforma dos estádios e a rede de fibra ótica, para viabilizar a transmissão dos jogos, são essenciais à Fifa. O governo considera "confortáveis" o andamento das obras na arena e na rede de comunicações. Do total de 12 estádios nas cidades-sede, seis foram inaugurados e três estão dentro do cronograma: Natal, Porto Alegre e Manaus.

Mas o sinal de alerta disparou para três arenas: Corinthians (Itaquerão), Cuiabá e Curitiba (PR), as duas últimas com menos de 90% das obras executadas. No caso do Itaquerão, o governo espera para o dia 15 a divulgação de novo cronograma de conclusão, após o acidente que vitimou dois operários.

O Ministério das Comunicações contratou a Telebrás para garantir a instalação da rede de fibra ótica nas cidades-sede. Até agora, 72% da rede foi instalada, num ritmo de execução que o governo avalia como "adequado". Na área de energia, das sete linhas de transmissão, duas foram entregues e as demais devem ser concluídas até maio. Dos 151 pontos de distribuição, 82 estão inconclusos.

O governo ainda não tem resposta, entretanto, para a principal reivindicação das ruas: o "padrão Fifa" nos serviços públicos. Gleisi afirma que Dilma foi "corajosa" e abriu um "diálogo franco" com a população, comprometendo-se a trabalhar para entregar "melhor nível de qualidade nos serviços públicos". E aponta os cinco pactos em conjunto com prefeitos e governadores como a maior resposta às manifestações, que exigiram melhorias na saúde, educação e mobilidade urbana.

Na área da saúde, Gleisi diz que o maior feito foi o programa Mais Médicos, lançado na esteira dos protestos, que promete 13 mil profissionais até abril. A ministra também cita a lei que garantiu o repasse dos royalties do petróleo para a educação. Já na questão do transporte público, que deflagrou as manifestações, ela lembrou que houve a liberação de bilhões de reais em recursos para o "PAC da Mobilidade Urbana".

O governo, contudo, não descarta a volta da população às ruas: "Sempre os grandes eventos foram motivadores de protestos, porque é onde as pessoas podem ser vistas e têm repercussão", acredita Gleisi.


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