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Aéreas descumprem acordo criado com objetivo de evitar transtornos durante a Copa

Empresas não avisam ou omitem informação sobre aumento de voos que reduzirá tarifas


Danilo Fariello | O Globo

BRASÍLIA E RIO - Às vésperas de a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) reforçar a malha aérea para a Copa - o que ocorre nesta quinta-feira - as empresas já driblam um dos primeiros acordos celebrados com o governo federal em outubro, para evitar transtornos para os passageiros. Elas não avisam ou omitem as informações sobre o aumento dos voos durante o mundial. As companhias haviam se comprometido a informar os consumidores da mudança, que pode acarretar cancelamentos ou redução de preços.

O Ministério do Turismo recomenda que os turistas aguardem a decisão da Anac sobre a nova malha para comprar pacotes de viagens ou passagens aéreas. As empresas pediram mais de 1.500 novos voos. O governo espera que, com o aumento da oferta de voos, as tarifas caiam. Dessa forma, quem comprar após a definição da malha aérea, pode encontrar preços mais em conta. Na prática, hoje, a informação é escassa quando apresentada pelas companhias aéreas e inexistente para as agências de viagem ou sites de empresas que vendem bilhetes de diversas companhias. Cerca de 80% das passagens domésticas no Brasil são vendidas por meio de agências ou desses sites. Segundo a Anac, até dezembro, 4% dos bilhetes para a Copa já haviam sido comercializados, mas voos vendidos para cidades fora do eixo dos jogos que estão à venda também sofrerão mudanças.

TAM será notificada

No lugar do aviso sobre a mudança de malha, a TAM trazia em sua página na internet, na segunda-feira, a informação contrária, com uma campanha sobre os jogos que dizia: “antecipe sua compra e comemore”. A empresa exibia ainda a lista de voos disponíveis para todas as partidas. A companhia planeja criar mil novos voos para a Copa, com investimento de R$ 50 milhões. A TAM respondeu ao GLOBO, em nota, que houve “um problema pontual” no site, porque a notícia do cancelamento de operações entre Rio e Londres teria ocupado o espaço da informação sobre a Copa na página principal. Sobre a campanha, a TAM diz que ela não contraria o acordo do setor com o governo.

Procurada a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada a Ministério da Justiça, informou que deverá notificar a TAM pela retirada da informação sobre a Copa do site, após ser informada pela reportagem do GLOBO.

Já a Gol, segunda maior companhia aérea do país, traz a informação sobre a mudança de malha no canto inferior de sua página inicial. O comunicado padrão das companhias informa que “já se encontra à disposição (sic) algumas opções de voos para as cidades que receberão os jogos, mas, para garantir que ninguém fique de fora desse grande evento, a malha atual passará por mudanças”.

TAM e Avianca anunciam o período específico em que os voos mudarão, de 6/6 a 20/7, mas as demais, não. Somente TAM e Gol reconhecem nos comunicados que a “mudança poderá ter impacto em bilhetes adquiridos”. Todas a companhias entendem cumprir o acordo celebrado com o governo federal. 


O acerto feito entre a Senacon e a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) previa que as companhias informassem os clientes sobre essas futuras alterações. O objetivo era amparar o consumidor na decisão de escolher o melhor momento para a compra de passagens aéreas para o período, informa a Abear.

- Essa informação cria responsabilidade para as companhias perante os consumidores - explica Juliana Pereira da Silva, à frente da Senacon.

Agências dizem não ter sido procuradas

Quando os acordos com as empresas aéreas foram fechadas, Juliana previu que todos os canais de venda de passagens seriam procurados para prestar as informações. Apesar disso, a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) diz que as agências não foram procuradas. Para Juliana, ainda assim, elas são responsáveis solidariamente e deverão, assim como as aéreas, procurar os consumidores para informar eventuais mudanças das rotas já adquiridas após a definição da nova malha.

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