Antônio Werneck - O Globo
RIO - Inaugurado em fevereiro de 1952, o Aeroporto Internacional Tom Jobim deveria ser um dos locais mais seguros do Rio. Há grupos de policiais militares e guardas municipais patrulhando sua área externa, além de um conjunto de instituições vigiando seu interior: duas delegacias da Polícia Federal (uma especial e uma de imigração), uma unidade da Polícia Civil e uma companhia especial da Polícia Militar, além de 485 seguranças particulares contratados pela Infraero e uma delegacia da Receita Federal. Não há no Rio nenhum outro local que concentre tamanha estrutura de segurança pública.
A prática, no entanto, é outra para os inúmeros passageiros que circulam pelo segundo maior aeroporto do país: do lado de fora, é preciso ficar atento aos taxistas piratas, que atuam extorquindo principalmente turistas, suas vítimas prediletas. Há também, agindo no Galeão, quadrilhas especializadas no furto de malas e doleiros que cobram elevadas taxas de câmbio, de dar inveja aos banqueiros. No estacionamento, há relatos de carros arrombados e a ação sistemática de transporte ilegal.
Reforço federal
Há três anos, às vésperas do feriado de Sete de Setembro, uma bomba de fabricação artesanal destruiu o interior de um Vectra estacionado na área externa de desembarque do Terminal 2.
Considerado um atentado gravíssimo do ponto de vista da segurança, o caso nunca foi totalmente esclarecido. Inicialmente, policiais cogitaram que a explosão tivesse resultado de um defeito no cilindro de combustível (GNV). A versão foi praticamente descartada após avaliação preliminar dos peritos dois dias depois. A explosão estava relacionada à disputa pelo controle do transporte ilegal de passageiros no local.
Na base de toda a insegurança do aeroporto, estaria o reduzido número de policiais. Embora existam várias delegacias instaladas e funcionando, há pouca gente trabalhando de fato. Talvez por isso, em todos os grandes eventos que o Rio sediou recentemente — Rio+20, Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude —, os governos estaduais e federais tenham recorrido ao pagamento de diária para trazer gente de folga e também de outros estados para reforçar o efetivo.
Para a Copa do Mundo, no ano que vem, e durante os Jogos Olímpicos, em 2016, o planejamento incluiu homens das Forças Armadas (Marinha e Aeronáutica) para atuar na segurança ostensiva, trabalho que deveria ser executado pela Polícia Militar. Além disso, militares da Força Nacional seriam deslocados para o Rio novamente. Destino: Ilha do Governador.
Com tantos buracos e falhas de segurança, nunca o Galeão mereceu tanto o apelido de queijo suíço, cunhado nos anos de 1990. Para a Infraero, entretanto, o aeroporto não é vulnerável. Vigilantes, equipamentos de raios X e detetores de metal garantiriam a segurança. Falta apenas combinar com o ladrão.