Infraero já recebeu R$ 1,6 bi da União e dependerá do Tesouro por 3 anos. Em 2014, deve ter prejuízo 

O Globo

BRASÍLIA e RIO - Com a concessão dos aeroportos e o fim das receitas arrecadadas pelo Ataero (percentual de tarifas de embarque e de tarifas relativas à navegação aérea e telecomunicações), a Infraero perdeu a capacidade de investir, segundo o presidente da estatal, Gustavo do Vale. Ele disse ao GLOBO que a empresa ficará dependente do Tesouro Nacional pelos próximos três anos, até que comece a receber parte dos dividendos dos novos concessionários.

Neste ano, o Tesouro já aportou R$ 1,65 bilhão na estatal e há previsão de uma nova injeção de recursos até dezembro. De acordo com o cronograma de investimentos da Infraero, até 2017 será necessário investir R$ 10 bilhões em obras nos aeroportos.

A empresa também terá dificuldades de se manter, pagar as chamadas despesas de custeio, com previsão de registrar prejuízo entre R$ 120 milhões e R$ 130 milhões a partir de 2014, quando entregará ao setor privado os aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) - no ano passado, perdeu Guarulhos (SP), Brasília e Viracopos (Campinas). Para mudar a situação, a Infraero tenta implantar um processo de reestruturação para aumentar receitas em R$ 400 milhões por ano e cortar gastos de R$ 100 milhões. Segundo Vale, a estatal perdeu um terço das receitas na primeira rodada de concessão.

Com a segunda rodada, a receita ficará restrita a 50% do que a empresa tinha antes.

Aluguel de lojas

O plano prevê aumento de receitas com aluguel de áreas pouco aproveitadas nos terminais (com outdoors e novas lojas) e ampliação de hangares para aviação geral (jatinhos). Não há intenção de elevar os aluguéis dos contratos atuais, disse o presidente da Infraero. Segundo ele, os terminais de Recife e Salvador estão entre os que teriam grande potencial para exploração de novas áreas. No caso do Galeão, que deve ser leiloado em outubro, a orientação da Infraero é que os contratos que vencem no curto prazo sejam renovados por apenas dois anos. A ideia é que o novo consórcio que assumir o aeroporto possa decidir como explorar comercialmente o terminal.

Para cumprir a meta de corte de custos, todos os contratos estão sendo revistos. Dependendo do serviço, empregados terceirizados estão sendo substituídos por funcionários próprios da estatal. Há, ainda, uma análise em curso de cargos e salários, já que existem casos de funcionários que desempenham a mesma função, mas com remuneração diferente. As medidas de reestruturação foram elaboradas pela consultoria Falconi, contratada pela Infraero para analisar o potencial de receitas e evitar desperdício nos aeroportos da rede.

- O desafio é como atravessar o período de vacas magras diminuindo os custos e aumentando as receitas. Todos os nossos aeroportos vão seguir um novo conceito, com ênfase na exploração comercial da área - disse Vale.

Também faz parte dos planos da Infraero cobrar do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) - que receberá todas as receitas do Ataero e o valor das outorgas dos aeroportos concedidos - ressarcimento pelos serviços de navegação aérea. Para este ano, espera receber de volta R$ 300 milhões gastos nesta atividade. Este tipo de serviço é deficitário no mundo inteiro. No Brasil, é prestado pela Infraero e pela Aeronáutica.

Excedente de pessoal

A Infraero ainda tem um excedente de pessoal que precisa ser remanejado. São 1.627 empregados que não foram escolhidos pelos novos concessionários ou que não quiseram trocar de empregador. No Galeão, existem 1.078 empregados e em Confins, 362. Estes profissionais terão de ser absorvidos de alguma forma se não forem contratados pelos novos concessionários.

Outro plano que está no radar é apressar a Infraero Serviços, que deve atuar em parceria com um grande operador aeroportuário estrangeiro e vender consultorias no setor. O Banco do Brasil foi contratado para formatar um plano de negócios e os requisitos a serem exigidos do novo parceiro. A previsão é que a subsidiária comece a atuar no início do ano que vem.

Em outras frentes, a Infraero está desenvolvendo, em parceria com a USP, um sistema especial de acompanhamento de obras. Com o plano de outorgas do governo federal, a estatal pretende assinar contratos de concessão por prazo definido e virar uma concessionária de fato. Isso é importante para que a empresa ganhe ativos, o que permitiria levar adiante o processo de abertura de capital, previsto para 2017. Atualmente, os aeroportos são ativos da União. A contabilidade da empresa está sendo adequada a padrões de escrituração internacional.


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