Pular para o conteúdo principal

Pilotos protestam no aeroporto de Goiânia contra burocracia na Anac

Profissionais reclamaram da demora na renovação da licença para voar.
Agência reconhece que emissão de documento pode passar de 90 dias.


Fernanda Borges
Do G1 GO

Pilotos que atuam na aviação executiva fizeram um protesto nesta quinta-feira (18) no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. A manifestação foi organizada por membros do Movimento Nacional da Aviação Civil (MNAC) e reclamou da burocracia da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a emissão do re-check, procedimento feito anualmente para renovação da licença de voo dos profissionais.

Cerca de 100 pilotos, com perucas, apitos e nariz de palhaço, participaram do ato no saguão do aeroporto, segundo estimativa do MNAC. O protesto, iniciado por volta das 16h, foi pacífico e as operações não foram afetadas.

De acordo com o advogado e professor de Direito Aeronáutico da Pontifícia Universidade Católica (PUC) George Ferreira, um dos coordenadores do MNAC, os pilotos são obrigados a entrar com o processo para re-check cerca de três meses antes do vencimento. “Mesmo assim, muitas vezes, os documentos ficam lá retidos na Anac e os trabalhadores ficam sem a licença para voar”, afirmou.

Ainda de acordo com Ferreira, o problema da burocracia para obtenção do re-check é a falta de funcionários. “A Anac está operando com apenas 50% da mão de obra que necessita. Eles já deveriam ter feito ao menos mais três concursos para contratar pessoal e nada foi feito. Sem contar que, da última vez, recrutaram profissionais de outras áreas, que não possuem conhecimentos aprofundados do setor de aviação”, disse o advogado.

Em nota, a Anac informou que “tem ciência sobre as contingências que afetam o processo de emissão de licenças e que, atualmente, 6,4% das solicitações são atendidas em prazo superior aos 90 dias”. No entanto, a agência busca uma solução para resolver o problema. “A superintendência responsável tem plano de trabalho para reduzir o volume até o fim deste ano e a diretoria estabeleceu um projeto prioritário para rever estruturalmente o processo, a fim de torná-lo mais eficiente”, garantiu o órgão.


Pilotos protestam no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia (Foto: Fernanda Borges/G1)Pilotos chegaram a fechar a pista de embarque e desembarque do aeroporto  (Foto: Fernanda Borges/G1)
Para o piloto Jeová França de Oliveira, outro coordenador do MNAC, a agência de aviação chega a ouvir as reclamações da categoria, mas não toma providências para acelerar a emissão do re-check. “A situação tem que mudar. Quando não conseguimos tirar a licença pela Anac, que tem um custo de R$ 100, somos obrigados a procurar o Aeroclube de Goiânia e arcar com uma taxa de R$ 3 mil”, ressaltou. “E mesmo assim, muitas vezes, o processo fica barrado e a licença expira. Os pilotos querem andar com a documentação em dia, só isso”, contou Oliveira.

Segundo o MNAC, a maior dificuldade é enfrentada pelos profissionais que atuam na aviação executiva, com voos particulares e fretados, pois os pilotos das grandes empresas possuem canais diferenciados para a renovação da licença. “É claro que para eles é mais fácil, pois existe um suporte. Já quem precisa voar por conta própria, a burocracia é sempre maior”, concluiu Oliveira.

No caso de pilotos de empresas, a Anac informou que “o processo tende a ser mais rápido porque os registros de horas de voos e outros documentos que instruem o processo são fornecidos pelo empregador, que mantêm o histórico de todos os outros documentos necessários para análise do processo”.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul