Além do parceiro externo, seria criada a Infraero-Par, subsidiária da estatal para gerir grandes aeroportos

Medida objetiva dar nova força à Infraero, que perdeu Guarulhos, Viracopos e Brasília no leilão de fevereiro

NATUZA NERY

DE BRASÍLIA - FOLHA DE SP

Para fortalecer a Infraero, o governo estuda criar a Infraero-Par. A ideia é que, ao lado de um sócio internacional minoritário, a subsidiária da estatal toque alguns dos principais aeroportos do
país, como Confins e Galeão, além dos três leiloados no início do ano.

A adoção desse modelo, se confirmada, tira o terminal mineiro e o carioca da lista de concessões previstas pelo próprio governo para sanar os gargalos de infraestrutura nessas unidades.

Segundo a Folha apurou, a presidente Dilma Rousseff já viu o esboço da proposta e deu sinal verde às discussões. Não há, porém, decisão final a respeito, apenas o indicativo de que a concessão de novos aeroportos pode não ocorrer no médio prazo.

O anúncio do novo modelo para Confins e Galeão, seja ele qual for, está pré-marcado para 5 de setembro.

A Folha já havia antecipado a disposição do Executivo de fortalecer a Infraero, que acabou perdendo três de seus principais ativos com o leilão de fevereiro.

Nas contas internas, se Galeão e Confins tivessem o mesmo destino que Guarulhos, Brasília e Viracopos, a estatal rapidamente se tornaria deficitária e dependente do Tesouro Nacional para fechar suas contas. Mais: encontraria dificuldades para melhorar as condições de atendimento nos mais de 60 terminais que administra.

A arquitetura em estudo agora prevê o desmembramento da Infraero, com a criação da Infraero-Par, que terá parcela majoritária das ações de Confins e Galeão e participação minoritária nos três aeroportos leiloados no início do ano.

OPERADOR DE RENOME


O dinheiro para investir virá do parceiro internacional por meio de concorrência focada em atrair um operador aeroportuário de renome. O projeto preliminar prevê que a Infraero-Par ficaria com 70% do negócio, e a operadora internacional, com 30%.

Para interlocutores do governo familiarizados com o debate, a opção por esse formato não encerra eventuais futuras concessões nem anula outras saídas para resolver os problemas do setor no longo prazo.

O Planalto não gostou do resultado das concessões feitas em fevereiro, quando as maiores operadoras globais ficaram de fora do negócio.

Desde então, o governo passou a estudar alternativas para atrair parceiros de maior peso e, ao mesmo tempo, fortalecer a empresa pública. Além de recursos, Dilma quer aporte de conhecimento na gestão de terminais.

Defensores do modelo de concessão ponderam que montar a Infraero-Par pode demorar mais do que licitar novas unidades, processo que leva, em média, um ano.

Os contrários a novos leilões argumentam que o prazo de implementação seria equivalente.

Colaborou DIMMI AMORA, de Brasília

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