Empresa afirma que pedido de concordata nos Estados Unidos não deve afetar as rotas para o Brasil
MARINA GAZZONI - O Estado de S.Paulo
A American Airlines é a companhia estrangeira com o maior tráfego no Brasil. A empresa faz 240 pousos e decolagens por semana no País, um volume que representa 10% do movimento das companhias internacionais nos aeroportos brasileiros, segundo dados levantados pelo Estado na planilha de voos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A American Airlines é a líder nos voos do Brasil para os Estados Unidos, com 31,9% de market share. A rota foi a que transportou o maior número de passageiros em voos internacionais que partiram ou chegaram ao Brasil no ano passado - cerca de 3,2 milhões, segundo dados da Anac. Atrás da American Airlines, na rota Brasil-EUA, estão TAM (29,7%), Delta (15,2%), Continental (10,5%) e United Airlines (8,6%).
O pedido de concordata da empresa não deve afetar os passageiros brasileiros, pelo menos no curto prazo. Os voos continuam a ser realizados normalmente, segundo informações da American Airlines e da Infraero, assim como a venda de passagens. Até outubro, 541 mil pessoas embarcaram em voos da companhia do Brasil para os Estados Unidos. A American Airlines voa para Dallas, Miami e Nova York, partindo de São Paulo e do Rio. Ela também faz voos de Belo Horizonte, Salvador, Recife e Brasília apenas para Miami, e começará a operar em Manaus em 2012.
Segundo o consultor André Castellini, sócio da área de aviação da Bain & Company, o plano de recuperação de companhias aéreas americanas concordatárias costuma incluir uma redução no número de voos. Mas, para ele, o mercado brasileiro não deve ser afetado. "Ele continua a ser atrativo para as companhias americanas", diz.
Mas, se a empresa enxugar a malha no Brasil, a maior beneficiada pode ser a TAM, a vice-líder nos voos para os EUA, diz o coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS, Hildebrando Hoffmann. "Basta que tenha fôlego para ocupar esse espaço."
Emprego. A American Airlines tem 400 funcionários diretos no Brasil. O Sindicato Nacional dos Aeroviários diz que os problemas financeiros da empresa já refletem no quadro trabalhista. "O número de funcionários subiu nos últimos três anos, mas caiu drasticamente comparado ao tamanho da operação. A empresa optou por terceirizar", diz Marcelo Schmidt, secretário-geral do sindicato.
Desde 2009, a empresa americana tem um acordo de compartilhamento de voos com a Gol. Os clientes da American Airlines podem comprar da empresa passagens para voos da Gol, mas o inverso não pode ser feito.
As empresas também possuem parcerias em seus programas de milhagem. O cliente do Smiles, programa da Gol, pode usar seus pontos para comprar passagens da American Airlines e vice-versa.
Eles também podem optar por pontuar as suas milhas aéreas no programa de fidelidade da outra companhia. Segundo a Gol, a parceria não será alterada após o pedido de concordata da American Airlines.