Pular para o conteúdo principal

Policiamento nos aeroportos

O Estado de SP 

O Brasil tem hoje 700 aeroportos ou pistas para pouso regular de aeronaves, mas, com exceção dos terminais de grande movimento, a maioria não conta com nenhum tipo de policiamento que coíba a presença de pessoas estranhas ao setor nas áreas de embarque e, o que é pior, a ação de ladrões e traficantes de drogas. Considerando que seu efetivo de 12 mil homens é insuficiente para dar conta de todas as atribuições que a lei lhe confere, inclusive a vigilância de aeroportos, a Polícia Federal (PF) planeja firmar convênios com as polícias estaduais para que estas assumam a responsabilidade explícita pela segurança dos terminais aéreos de menor porte.

É estranho que essa parceria, prevista pelo Programa Nacional de Segurança da aviação Civil Contra Atos de Interferência Ilícita (Pnavsec), lançado em maio de 2010, não tenha sido efetivada até agora por meio de convênios. Tornou-se agora urgente por causa da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. A colaboração das Polícias Militar (PM) e Civil nos aeroportos menores, no entanto, é reclamada há muito tempo em vista do grande crescimento da aviação regional no País.

A falta de policiamento regular nos pequenos aeroportos causa transtornos de todo tipo. Não há exemplo melhor disso do que o dos policiais militares que, recentemente, não puderam embarcar num voo em Marília (SP) por estarem armados, como relatou a reportagem do Estado (2/12). Para serem liberados, foi preciso chamar a Polícia Federal, que levou oito horas para chegar. A PF culpou a companhia aérea, que alegou que os policiais militares teriam de fazer o "check-in" com duas horas de antecedência. Contudo, mesmo se isso tivesse ocorrido, seria preciso que houvesse agentes da PF por perto e, frequentemente, não há nos 80 aeroportos públicos existentes no Estado de São Paulo, incluindo aqueles usados por aeroclubes ou por aeronaves particulares. No Campo de Marte, em plena cidade de São Paulo, embarcar em um jatinho é tão fácil como tomar um táxi na rua, não havendo nenhum controle.

Mesmo em alguns terminais muito movimentados do interior, como o do Campo dos Amarais, em Campinas, e os de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Bauru, a falta de policiamento facilita a ação de criminosos. Suspeita-se, por exemplo, que o aeroporto do Campo dos Amarais tenha servido de rota de fuga de assaltantes que roubaram os cofres de aluguel de uma agência do Itaú em São Paulo, no fim de agosto.

Note-se ainda que, dos 57 portos secos existentes em todo o território nacional, listados pela Secretaria da Receita Federal, nada menos de 25 estão localizados em São Paulo. Nos maiores aeroportos, a PF tem meios para exercer a vigilância sobre os pontos de embarque e desembarque de mercadorias, mas os demais estão expostos ao roubo de cargas, um crime cada vez mais frequente.

A situação é tão ou mais grave no restante do País. Há casos mesmo de pequenos aeroportos que recebem voos internacionais, mas não contam com postos fixos da Polícia Federal, como é o caso de Uruguaiana (RS), Navegantes (SC), Corumbá (MS) e Boa Vista (RR). Segundo a Infraero, a ausência da PF nesses locais é devida à baixa demanda de voos internacionais, mas é fácil concluir que esses terminais sejam convenientes para o tráfico de drogas e para a entrada no Brasil de imigrantes ilegais. O aeroporto de Boa Vista tem sido apontado, por exemplo, como porta de entrada de imigrantes haitianos não documentados.

Segundo o delegado Edson Gonçalves de Souza, da Polícia Federal, o uso de Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant) pode ajudar na fiscalização das extensas fronteiras nacionais e no controle do tráfego aéreo, mas isso não será suficiente. "Não tem jeito", disse ele. "É preciso contar com o apoio das Secretarias Estaduais da Segurança Pública."

No caso de São Paulo, há boa vontade em colaborar com a PF, mesmo porque ela tem carência de braços, como disse o comandante da PM, coronel Álvaro Batista Camilo. Mas, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado, a iniciativa deve partir da União. Ou seja, está na hora de o Ministério da Justiça acordar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul