Pular para o conteúdo principal

As concessões dos aeroportos

O Estado de SP

A Secretaria de Aviação Civil (SAC) corre contra o relógio para a realização dos leilões de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, que, marcados para 22 de dezembro, já se admite que podem ser adiados. Antes mesmo de decorridos os 30 dias de consulta pública do edital, que pode sofrer alterações, a SAC apresentou na semana passada as linhas gerais dos estudos econômico-financeiros para a outorga dos três aeroportos, para apreciação pelo Tribunal de Contas da União. Vencida essa etapa, são previstos 45 dias entre a publicação do edital definitivo e os leilões. Mas há ainda muitas dúvidas a esclarecer, principalmente no tocante aos investimentos que caberão à Infraero. Informa-se que as concessionárias terão de investir R$ 4,2 bilhões até dezembro de 2013.

Como foi estabelecida uma participação de até 49% da Infraero nas empresas que administrarão os aeroportos, não está claro qual será de fato a parcela da estatal e onde ela irá buscar o dinheiro.

A Infraero se destaca pela lentidão com que utiliza as dotações orçamentárias que recebe.

Segundo informação do portal Contas Abertas, com base em dados do Ministério do Planejamento, dos R$ 2,2 bilhões de recursos autorizados pelo orçamento deste ano para investimentos pela empresa, ela utilizou apenas R$ 388,2 milhões até agosto, valor que corresponde a 17,5% do total.

A assessoria de imprensa da estatal alega que o grosso dos investimentos é feito no segundo semestre, citando obras programadas para este ano, entre as quais só uma será realizada nos três aeroportos que vão a leilão - a terraplenagem para a construção do terceiro terminal de passageiros de Guarulhos. Ainda segundo a assessoria, os investimentos previstos que não tenham sido executados neste exercício "serão executados pelos futuros concessionários, que começarão a atuar em 2012".

A presunção é de que, sendo sócia, a Infraero participe dos investimentos na mesma proporção em que participa do capital. Neste caso, teria de desembolsar, nos três aeroportos que vão a leilão, R$ 2,058 bilhões até dezembro de 2013, ou seja, R$ 1,029 bilhão por ano, a metade, proximadamente, de seus investimentos totais orçados para este ano para obras em todos os aeroportos do País.

E, se a Infraero não participar com 49% dos investimentos que estão sendo transferidos para 2012/2013, as concessionárias terão de arcar com a maior parte - financiada com recursos a juros baixos do BNDES, provavelmente -, além de pagar os preços da outorga, fixados em R$ 2,3 bilhões para Guarulhos, R$ 521 milhões para Viracopos e R$ 75 milhões para Brasília. Esses valores poderão ser parcelados pelo prazo da concessão, fixados em 20 anos (Guarulhos), 25 anos (Brasília) e 30 anos (Viracopos), com correção pelo IPCA. Estima-se que, ao longo dos períodos de concessão, os investimentos deverão alcançar R$ 17,8 bilhões.

Além disso, investimentos nos aeroportos a serem "privatizados" teriam de ser feitos pelas empresas de acordo com o cronograma para não incorrerem em multas "adequadamente salgadas", como disse o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt. Presumivelmente, a Infraero seria solidária nessas penas pecuniárias.

Como se não bastasse, as empresas às quais caberá a gestão dos três aeroportos terão de destinar ao Fundo Nacional de Aviação Civil um porcentual da receita bruta fixado em 2% para Brasília, 5% para Viracopos e 10% para Guarulhos. Se o movimento de passageiros superar as estimativas oficiais, esses porcentuais poderão ser aumentados.

Para cobrir tudo isso, a taxa de retorno das concessões teria que ser bastante elevada. Os estudos da SAC, contudo, preveem um retorno anual de 6,46% ao ano, que é, aproximadamente, a taxa de inflação projetada pelo governo para 2011. Pelo que se observa, o cenário desenhado pela SAC parte do pressuposto de que a economia do País passará a voar, nas próximas décadas, sempre em céu de brigadeiro, com intenso movimento dos aeroportos em razão de um crescimento acelerado, com baixa inflação e taxa de juros insignificante.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul