Guilherme Arruda | Para o Valor, de Caxias do Sul
 
As escolas de formação de pilotos de aviação do Brasil vão poder contar, a partir de 2012, com o auxílio de um simulador de voo específico para treinamento de pilotos de helicópteros. O equipamento está sendo montado na Incubadora do Complexo Tecnológico Unitec, da Universidade do Vale dos Sinos, na cidade de São Leopoldo (região metropolitana de Porto Alegre) pela SBPA Simulador de Voo Ltda. Formada por dois sócios e quatro funcionários, a empresa vislumbra oportunidades de negócios que surgirão no rastro dos mega-investimentos no âmbito do pré-sal, cuja demanda por pilotos de helicópteros tende a crescer de uma forma progressiva.

 
O simulador foi um dos 52 projetos selecionados pelo Sebrae-RS na segunda edição do Inova Pequena Empresa RS 2010, para receber subvenção integral - neste caso, foi de R$ 250 mil. O apoio financeiro varia entre R$ 100 mil e o máximo de R$ 350 mil para desenvolvimento de processos e produtos inovadores. O projeto vai até a metade de 2012. A montagem começou nos primeiros dias deste ano e SBPA já recebeu duas encomendas, uma para ser entregue até dezembro, alterando o planejamento da empresa de, primeiro, concluir o projeto, para depois patentear, divulgar e comercializar.

 
Com 1.531 aparelhos, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Brasil tem a segunda maior frota do mundo de helicópteros, mas são raras as escolas de aviação que oferecem simulador para treinamento de pilotos para helicóptero e as que possuem importam da Europa e dos Estados Unidos. No Campo de Marte há sete escolas de pilotagem e nenhuma usa simulador, diz Diego Correa, instrutor de helicóptero da Hellipoint Escola de Pilotagem. "Nosso simulador tem a vantagem competitiva de custar menos, abaixo de R$ 100 mil cada, enquanto que o importado fica na faixa de R$ 150 mil", diz Luciano Zoppo, sócio-diretor da SBPA.

 
Um simulador de voo é formado por três partes: software, estrutura (cabine, parte mecânica) e hardware (manche, sistema de rádio, etc). O software básico é americano (a SBPA paga licença de uso comercial), que tem várias aplicações, uma delas adaptada para treinamento de pilotos de helicóptero.

 
"Ele simula as condições de voo, incluindo meteorológicas e ambientais", diz Zoppo. A cabine é de fibra de vidro e a parte mecânica é quase toda terceirizada na região de São Leopoldo. Na parte de materiais, diversos componentes eletrônicos específicos são trazidos dos EUA ou da Europa, porque não há fabricantes no Brasil.

 
A SBPA ingressou na incubadora da Unitec em 2008 para desenvolver simuladores de voos.

 
Nesse período, recebeu orientação nas áreas de gestão administrativa e financeira, fundamental para os dois sócios, ambos graduados em geografia, sendo que Zoppo, 39 anos, tem formação em eletrônica e Adriano Oliveira, 34 anos, atualmente cursa escola de pilotagem. "Trabalhei doze anos na montagem e controle do Laboratório de Ciência Aeronáutica da PUC de Porto Alegre. Conheci a tecnologia dos simuladores, de 1997 até os mais recentes", diz Zoppo, que em 2007 venceu um torneio de empreendedorismo na PUC com um projeto de simuladores para treinamento em aviões comerciais.

 
A legislação exige um mínimo de 35 horas para piloto privado de helicópteros (PPH) e 100 horas para piloto comercial de helicópteros (PCH). A hora de voo custa entre R$ 700 e R$ 1 mil. Em um simulador, a hora custa R$ 100.

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