Pela primeira vez, fabricante de aviões manifesta interesse em participar da privatização dos aeroportos

Cláudia Bredarioli e Daniel Haidar - Brasil Econômico, do Rio

 
A decisão da Embraer de considerar a participação nos processos de concessão de aeroportos está atrelada à estratégia que a companhia tem adotado desde o ano passado, de investir em áreas afins e complementares ao seu foco central — a fabricação de aviões — incluindo, por exemplo, a atuação no segmento de energia. Com o anúncio de ontem, a fabricante de aviões brasileira poderá se unir a outras empresas aéreas que já manifestaram interesse em participar dessas concessões. 


“A concessão dos aeroportos nos interessa. A tendência é que esse processo traga melhoria na infraestrutura, com aumento do tráfego aéreo e maior demanda por avião. Consideramos que, certamente, parte dessa demanda deve chegar até nós”, disse Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer. 

Curado avaliou como “um movimento correto” a opção do governo federal em usar o regime de concessão para a operação de alguns aeroportos em favorecimento da expansão da aviação civil. No governo, é sabido que as obras de infraestrutura aeroportuárias têm de sair a qualquer custo e, justamente por isso, há previsão que esse custo seja altíssimo, tanto político quanto economicamente. Daí vem a necessidade de contar com o apoio da iniciativa privada para a realização dessas obras antes de 2014. 

Duas das maiores empresas aéreas brasileiras, Tam e Gol estão entre as companhias que dizem não ter como objetivo central investir em aeroportos. Mas poderão fazê-lo, “se isso for necessário para a melhoria do setor”, conforme declara a Gol. Neste caso, ambas concordariam estudar o assunto. 

A intenção de envolver-se nessas negociações está centrada especialmente no interesse das áreas em ter maior controle sobre o custo operacional dos aeroportos que, conforme visto em exemplos internacionais, tende a subir comas privatizações. O preço das tarifas aeroportuárias impacta diretamente no valor das passagens aéreas. A despesa de todas as companhias com essas taxas chega a US$ 42 bilhões por ano e representa 11% da receita das empresas, segundo a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, na sigla em inglês). 

No Brasil as taxas oferecidas pela Infraero são menores do que a média — cerca de 7% da receita das empresas aéreas. A estatal fez este ano um reajuste de tarifas, o primeiro em 14 anos. Assim, apesar do interesse inicial em participar dos processos de concessão, as companhias esperam clareza sobre as regras e urgência nessa definição para fechar seu posicionamento sobre eventuais investimentos.
 
O mesmo vale para as construtoras, que extraoficialmente se manifestaram contrárias a um período de apenas 20 anos para exploração dos aeroportos, caso essa possibilidade se confirme na divulgação dos editais, prevista para maio. 


Grandes construtoras brasileiras, como a Camargo Corrêa e a Odebrecht, operam aeroportos em outros países. No ano passado, inclusive, a Odebrecht lançou a Odebredch TransPort para atuar em áreas estratégicas, como metrôs e trens, portos e logística, rodovias e aeroportos.

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