Gustavo Henrique Braga - Correio Braziliense
A aviação brasileira está despreparada para suportar a demanda de passageiros durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A constatação é do presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Giovanni Bisignani. O executivo detonou o modelo de gestão dos aeroportos pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e culpou a Petrobras pelos altos preços das passagens no país, sob o argumento de que a estatal cobra muito caro pelo querosene de aviação. A Iata defende a urgência de reformas no Brasil para que o sistema não entre em colapso nos próximos anos.
No entender de Bisignani, a situação mais grave é a da infraestrutura. “O modelo da Infraero, responsável por 94% dos aeroportos, está quebrado. Treze dos 20 terminais mais movimentados não conseguem suportar sequer a demanda atual. São Paulo, responsável por 25% do tráfego nacional, encontra-se em estado crítico, com capacidade e serviços insuficientes”, criticou o presidente da Iata. Uma das prioridades apresentadas pela entidade é o fim das tarifas mais caras em horário de pico.
Procurada pelo Correio, a Infraero informou que, até 2014, pretende investir cerca de R$ 9 bilhões nos 67 aeroportos, sendo R$ 5,23 bilhões nos terminais diretamente relacionados às 12 cidades-sede da Copa do Mundo que, juntas, concentram 87% do tráfego aéreo nacional. A estatal afirma ainda que o plano está em execução e segue dentro do cronograma. Entre as obras em andamento estão as reformas nos Terminais 1 e 2 do Aeroporto Tom Jobim (Galeão, no Rio de Janeiro), iniciadas em 2008 e orçadas em R$ 687,4 milhões, a instalação do módulo operacional no Aeroporto de Viracopos (Campinas-SP), iniciado em dezembro do ano passado e orçado em R$ 2,9 milhões, além da manutenção na pista de pouso, táxis, pátio e sistema de navegação aérea do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), iniciadas em 2004 e orçadas em R$ 254 milhões.
A associação internacional pede também mais transparência e segurança e alerta que o aumento de preços não pode ser usado como solução para a incapacidade de atender a demanda. Com relação ao valor dos combustíveis, a Iata acusa a Petrobras de elevar os preços em US$ 400 milhões ao ano. “Não há justificativa para que o combustível de aviação brasileiro seja 14% mais caro do que no resto da região”, disse Giovanni Bisignani. Dados da Iata apontam que, enquanto no mundo o gasto com combustível equivale a 29% dos custos das empresas, no Brasil esse valor sobe para 37%. A diferença significa elevação no preço das passagens. Procurada pelo Correio, a Petrobras disse que adota preços conforme as práticas internacionais de mercado.
Reajuste
Desde a última segunda-feira, as tarifas de embarque estão até 20% mais caras. Os valores foram reajustados por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A determinação é de que os aeroportos ofereçam descontos nas tarifas nos horários menos movimentados e as aumentem em horários de pico. Os reajustes das tarifas aeroportuárias serão anuais, com base na inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).