Presidente da 'holding' paulista garante que poder será compartilhado com a LAN


Germano Oliveira - O Globo

SÃO PAULO. O presidente da holding TAM S.A., Marco Antonio Bologna, negou ontem que, no fim do processo de troca de ações entre a empresa e a LAN, a chilena terá 70,67% dos papéis e a TAM, apenas 29,33%, o que significaria que a LAN comprou a TAM. Em entrevista ao GLOBO, ele garante que o poder na nova empresa, a Latam Airlines, cuja criação foi anunciada na sextafeira, será compartilhado entre brasileiros — representados pela família Amaro, da TAM — e chilenos (a família Cueto).

— O controle acionário da Latam Airlines terá, na composição final, a família Amaro com 13,52% e a família Cueto com 24,07%. Os acionistas não controladores da LAN terão 46,6% e os da TAM, 15,81%. Ou seja, o bloco de controle da Latam será a soma das participações dos Amaro e dos Cueto, num total de 37,59%. Haverá nesse bloco um acordo de acionistas, garantindo o compartilhamento de poder de 5% para cada família, independentemente de suas participações relativas. Portanto, os demais 62,41% estarão fora do bloco de controle — diz Bologna.

Ele ressalta ainda o fato de que, para atender à legislação brasileira, a família Amaro deterá 80% do capital com direito a voto da TAM. Bologna assegura que a operação é uma fusão, mesmo não sendo o modelo clássico “em que dois CNPJs se tornam um só”.

Efetivação da fusão ainda depende de acionistas

Analistas argumentam que o fato de os acionistas da LAN terem 70,67% da holding Latam significaria que a família Cueto é quem vai tomar as decisões mais importantes sobre a nova companhia aérea. Mas Bologna desmente essa possibilidade: — A gestão será compartilhada meio a meio, conforme acordo público de acionistas. Haverá um equilíbrio entre direitos e deveres das duas famílias na governança e no bloco de controle.

O negócio, no entanto, ainda vai depender dos acionistas aprovarem a fusão e do aval das autoridades, explica Bologna. O acordo definitivo levará de seis a nove meses para ser fechado.

— O que existe hoje é um memorando de entendimento, e a operação precisa ser aprovada pelos acionistas minoritários e pelas autoridades reguladoras para ser efetivada. Não depende dos Amaro e dos Cueto, depende da decisão dos acionistas não controladores e das autoridades regulatórias — diz.

A nova holding terá valor de mercado de US$ 12,2 bilhões e será a terceira maior companhia aérea do mundo, atrás apenas de Air China e Singapore Airlines. O presidente da TAM, porém, ainda não sabe qual será a participação da nova empresa no bolo mundial da aviação.

— A união das empresas vai alavancar sua expansão e se antecipar ao ambiente de céus abertos na aviação mundial, que é inexorável, mas não podemos neste momento estimar metas específicas de market share.

África está nos planos de expansão da companhia Bologna prevê ainda a expansão da nova empresa, de olho no continente africano.

— Seremos com certeza a primeira companhia do mercado intra-América do Sul. E provavelmente seremos a segunda companhia do tráfego da América do Sul para EUA e Canadá e a quarta companhia do tráfego para a Europa. Com a nossa união poderemos nos expandir para mais destinos internacionais, incluindo o continente africano. Ou seja, nossa estratégia será transportar passageiros a negócios e lazer, bem como produtos da região.

TAM e LAN, juntas, faturaram em 2009 US$ 8,5 bilhões (R$ 14,4 bilhões), transportaram 45 milhões de passageiros e 832 mil toneladas de carga. A nova empresa terá 40 mil funcionários e uma frota de 220 aeronaves, com voos para 115 destinos em 23 países.

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