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O mistério continua a desafiar os técnicos

Marcelo Ambrosio - Jornal do Brasil

Há pouco mais de um ano, o mundo acompanhava a busca por destroços e corpos dos passageiros e tripulantes do Airbus A330 da Air France, voo AF447, que caiu no mar quando seguia do Rio para Paris. De lá para cá, poucas perguntas foram respondidas. Acho que já é um dos maiores mistérios da aviação.

Enquanto o trabalho de juntar pistas frágeis na vastidão do mar é hercúleo e, até agora, infrutífero, nos foruns técnicos o debate não cessa. Pilotos e engenheiros ali, como eu, encaram as 23 mensagens automáticas (Acars) enviadas pelo computador ao centro de operações da AF no Charles de Gaulle como a melhor possibilidade de obter luz sobre o caso.

A discussão mais recente envolve uma informação que o canal Discovery revelou: a de que os tubos Pitot da Thales, apontados como elementos iniciadores do desastre, começaram a passar dados incorretos de velocidade ao computador devido a um fenômeno raro.

Ao atravessar um Cumulus Nimbus 4 mil pés maior que a altitude de voo, a água não teria congelado e entupido o tubo que faz a leitura, mas continuado em estado líquido, mesmo a quase -50°C. 

O tubo ficou parcialmente obstruído e esses especialistas sugerem que isso poderia ter promovido um decréscimo lento da velocidade lida, em uma taxa abaixo da constante no software como limite para o start do descongelamento automático – quando o Pitot é aquecido. No momento em que o sistema detectou a falha e desacoplou o piloto automático, o erro já estaria ocorrendo há algum tempo, imperceptivelmente.

Neste caso, a velocidade real do jato em um ponto crítico na tempestade já estaria abaixo da lida pelo piloto nos três mostradores possíveis.

Outro detalhe, também dos Acars, lembrado na discussão: entre os destroços estariam estabilizadores, com partes móveis travadas em posições distintas apesar de serem de uma mesma peça. Seria um sinal de que a máquina recebeu comandos conflitantes – lembrando que o maior ou menor grau de movimento depende da velocidade e da altitude. Um estudo da peça mostrou que o ângulo havia variado em 7,9°, quando o máximo, para a velocidade ideal de Mach 0.86 no FL350 (nível de voo) seria de 4,7°.

Há quem discorde, mas faz sentido para a hipótese de que o A330 teria sucumbido a um blecaute catastrófico, não de atuação de sistemas específicos, mas de integração e gerenciamento deles em condições extremamente severas.

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