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Boeing se choca com pássaro no Tom Jobim

Acidente acontece na hora do pouso e pista do aeroporto fica fechada para vistoria técnica. Infraero diz que ninguém se feriu

Elenilce Bottari – O Globo

Um Boeing 767-300 da empresa Delta Airlines chocouse com um pássaro durante o pouso no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na manhã de ontem. O avião vinha de Atlanta, nos Estados Unidos, com 212 passageiros. Segundo a Infraero, não houve feridos e a aeronave pousou normalmente, mas a pista do aeroporto precisou ficar interditada por cinco minutos para que fosse feita uma vistoria técnica. Sem sucesso, funcionários fizeram buscas no local para tentar localizar outros pássaros.

Perto de uma região de manguezais e aterros sanitários clandestinos, o Tom Jobim é recordista em acidentes com aves no país. Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), só no ano passado, foram registradas ali 78 colisões de pássaros com aviões. Em São Paulo, foram 25 no Aeroporto Internacional de Guarulhos; e 16, em Congonhas.

Ontem mesmo, por volta do meio dia, era possível ver centenas de aves, como quero-queros, garças, urubus e até um gavião, sobrevoando a pista e suas proximidades.

Segundo o Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias (SNEA), as empresas gastam, por ano, cerca de US$ 3 milhões no conserto de avarias provocadas pelo impacto das aves. Diretor técnico do SNEA e especialista em segurança de voo, o comandante Ronaldo Jenkins explicou que a entidade está tentando agendar uma reunião com o chefe da Casa Civil da Prefeitura do Rio para pedir apoio na criação de uma força-tarefa para resolver o problema, que cresce ano a ano e põe em risco a segurança dos voos:

— Estamos lutando há bastante tempo contra isso. Existe uma comissão de perigo aviário no Cenipa, outra na Anac e outra na Infraero. Várias medidas foram tomadas, mas pouco adiantaram.

Só um trabalho envolvendo autoridades aeroviárias, prefeitura, Ministério Público, empresas e comunidade, em uma ação conjunta e permanente, irá resolver. Não adianta pôr mecanismos de proteção no aeroporto se, no entorno, continuar existindo tantos criadouros de aves.

Segundo ele, o sindicato já tinha conseguido agendar uma reunião na prefeitura, que foi desmarcada em razão do acidente com o voo 447 da Air France, que caiu no oceano.

— Queremos a participação da Comlurb. Pior do que aterro sanitário são os vazadouros clandestinos daquela região que atraem uma quantidade enorme de urubus para perto do aeroporto. Precisamos também da participação do Ibama, para fazer o manejo das aves. Ali tem um manguezal, mas este não é o maior problema. O desmatamento faz com que os animais deixem seu habitat natural para buscar outros lugares e o aeroporto é perfeito. Tem água limpa, grama, espaço e não há riscos de caçadores e nem de outros animais predadores. É o paraíso para as aves. E elas, um grande problema para a aviação.

Jenkins explicou ainda que, apesar de nunca ter ocorrido um acidente sério com aves no Brasil, o risco existe. Segundo ele, a aviação militar já perdeu um avião e um piloto ficou cego. Na aviação civil, um acidente com um avião de pequeno porte deixou o piloto com uma lesão grave no olho, que provocou perda parcial da visão. Ele lembrou que várias tentativas já foram feitas e, até hoje, pouco adiantaram:

— Já foram colocados falcões e redes nas valas de escoamento para impedir que as aves viessem beber água junto às pistas.

Já foram usados fogos de artifício. No Sul, estão sendo testados cães. Até mesmo um sonar que emitia ruídos de aves predatórias foi usado. Funcionou bem com o quero-quero, mas o urubu nem ligou — comentou o comandante.

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