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Mais tempo em terra que no ar

Filas por causa dos novos voos aumentam espera para embarque no Santos Dumont

Dimmi Amora – O Globo

Com cerca de cem novos voos desde a liberação de rotas fora da ponte aérea RioSão Paulo, o Aeroporto Santos Dumont começa a apresentar problemas. As manhãs de segundafeira têm sido um tormento para quem vai embarcar. Há filas de mais de cem metros para a passagem pelo aparelho de raios X, e passageiros contam ter ficado mais de 50 minutos esperando para embarcar. O aumento do número de voos também voltou a incomodar vizinhos do aeroporto, por causa do barulho dos aviões.

— Eu tenho evitado vir para cá nas segundas-feiras. Na última vez, fiquei 40 minutos na fila e perdi o voo para São Paulo — disse Juliano Souza, funcionário de uma empresa de tecnologia da informação, que estava embarcando para a capital paulista na manhã de quarta-feira passada.

A advogada Liliane Guimarães usa quase todos os dias o Santos Dumont. Ontem, ela ficou 25 minutos na fila para embarcar. Segundo Liliane, também houve demora na hora de despachar as malas, porque só havia duas esteiras em funcionamento.

E não parou por ai: o voo para São Paulo, marcado para 7h15m, só saiu às 7h45m por causa do intenso tráfego aéreo no aeroporto.

Ou seja, ela esperou mais em terra do que voando — a viagem dura cerca de 40 minutos.

— Na quinta-feira passada, eu estava num voo da Gol que ficou sobrevoando o aeroporto porque ele estava cheio. Quando a aeronave desceu, teve que arremeter porque havia outro avião na pista. A abertura para novos voos é ótima para quem mora no Rio, mas está faltando estrutura — afirmou a advogada.

Não é apenas às segundas-feiras que os problemas acontecem, conforme noticiou a coluna de Ancelmo Gois, do GLOBO, na terça-feira passada.

De acordo com vendedores de lojas da área de embarque, as noites de sextas-feiras também têm registrado um movimento grande. Na última, por exemplo, a espera para embarcar no horário de pico — entre 18h e 19h — chegou a cerca de 15 minutos.

Nos outros dias, há algum movimento maior no início da manhã, mas sem grandes tumultos.

Quartafeira, entre 7h e 8h, havia dez voos partindo do Santos Dumont, e a situação era bastante tranquila no embarque.

O terminal de desembarque não tem apresentado problemas. Como o número de voos nas manhãs mais movimentadas está maior que a capacidade das novas plataformas de embarque (fingers), parte dos passageiros tem sido transportada de ônibus, o que vem causando atraso nas decolagens.

Antes da reforma, o aeroporto não tinha fingers.

O consultor Richard Fontes, que embarca semanalmente no Santos Dumont, diz que, fora dos horários de pico, o movimento é ainda pequeno, mesmo com os novos voos.

Carioca morando em São Paulo há três anos, ele diz que enfrenta mais problemas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Vizinhos reclamam do barulho dos voos

Os novos voos, que começaram em 21 de março, também estão gerando descontentamento entre vizinhos do aeroporto. Os aviões fazem manobras sobre os prédios, incomodando quem mora nos bairros de Glória, Flamengo e Botafogo. Maria Tereza Sombra, presidente da Associação de Moradores do Morro da Viúva, no Flamengo, diz que, durante o processo de reabertura do Santos Dumont, tentou convencer a Agência Nacional de Aviação Civil a não liberar mais partidas do aeroporto. As associações comunitárias contavam com o apoio do governo estadual, que era contra a ideia e chegou a multar a Infraero por permitir a volta dos voos, sem licença ambiental.

Mas, segundo ela, os moradores “tomaram uma rasteira do estado”, com a desistência do governo de lutar contra a nova medida.

Até 2002, o aeroporto estava com voos liberados para todo o país. Naquele ano, o Santos Dumont recebeu 5,6 milhões de passageiros e 117 mil voos. O movimento exagerado esvaziou o Aeroporto Internacional Tom Jobim, e foi determinada uma restrição: somente voos da ponte Rio-São Paulo podiam decolar e pousar no aeroporto do Centro.

Com a medida, os números foram caindo ano a ano, até chegar ao menor nível, em 2007: 3,2 milhões de passageiros ao ano.

Em 2007, um novo terminal foi inaugurado, elevando a capacidade de passageiros para 8,6 milhões ao ano. Mas as obras, que custaram R$ 334 milhões, estão inacabadas. O terceiro pavimento do novo terminal, onde funcionariam um restaurante e algumas lojas, ainda não está concluído.

Em 2008, o movimento já havia voltado a subir, passando para 3,6 milhões de passageiros. No primeiro bimestre deste ano, apenas com a ponte aérea funcionando, já foi registrado um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2008.

De acordo com a Infraero, abril registrou 6.638 voos, contra 6.404 em março deste ano. Ainda não há números de maio. Apesar do maior número de passageiros, não foram colocados mais funcionários, segundo a empresa.

A Infraero, de acordo com a nota, aumentou em uma posição (quatro para cinco) o número de aparelhos de raios X disponíveis. Também foram colocados mais três ônibus para atender os passageiros que não embarcam nos fingers. Quanto à conclusão das obras, elas estão previstas para 2010.

De acordo com a empresa, há oito novos fingers que não têm capacidade para os aviões de duas das companhias que passaram a usar o Santos Dumont: a Azul e a Ocean Air. “Cabe esclarecer que as companhias aéreas Azul e Ocean Air não participavam do mix de voos quando este foi elaborado, não sendo possível a operacionalização em fingers (...). As aeronaves da Azul (Embraer 195 e 190) e Ocean Air (Focker 100) ainda não são compatíveis para utilização de finger e, por este motivo, seus vôos vão para a posição remota”, informa a empresa, que considera normal a operação por ônibus quando não há fingers disponíveis.

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