Determinação da Defesa é dar continuidade à modernização da empresa; presidente da estatal
envia carta a servidores
Gerson Camarotti e Geralda Doca – O Globo
BRASÍLIA. Apesar da pressão dos últimos dias, a cúpula do PMDB foi informada de que a
reestruturação da Infraero, com a demissão de indicados políticos, vai continuar, atingindo
gradativamente, até o fim deste mês, mais 53 funcionários apadrinhados.
Dos 106 cargos comissionados da estatal, 25 já foram cortados e outros 28, que trabalham na
área de navegação aérea, serão substituídos por concursados até abril de 2014. A Infraero negou que a
demissão de Mônica Azambuja, indicada pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), seu exmarido,
tenha sido suspensa e reafirmou que ela será exonerada.
Mônica é lotada no departamento comercial da estatal, no Aeroporto de Brasília, desde 1ode
outubro de 2003. Recebe salário de R$ 9.285. Mas, segundo funcionários da empresa, ela não é vista
com frequência no setor. Esta semana ela ainda não teria aparecido.
Depois da crise gerada pela demissão até mesmo do irmão e da cunhada do líder do governo,
senador Romero Jucá (PMDBRR), o presidente Lula pediu ao ministro Nelson Jobim (Defesa) tratamento
mais cuidadoso nas demissões. O presidente da empresa, brigadeiro Cleonilson Nicácio, não quis se
manifestar. A orientação é não divulgar a lista de demissões. Jobim tem evitado confronto com seu
partido, o PMDB. Mas, reservadamente, diz que o processo de modernização da estatal não será
alterado pelas reações políticas.
Embora a Infraero não tenha fixado prazo para que o quadro de contratos especiais
(comissionados) se ajuste ao novo estatuto, que só permite 12 funcionários nessas condições, a
expectativa na estatal é que até o fim de maio os 53 restantes sejam exonerados. Já foram enviadas
cartas a esses servidores.
Nicácio disse a integrantes do governo que todos os afastados receberam uma carta atenciosa, e
que não houve demissão sem aviso. Na carta, ele ressalta seu “sentimento de gratidão”.
Ontem, peemedebistas tentavam amenizar o caso — O problema foi muito mais da forma do que
do mérito.
O tema das demissões foi tratado muito mal pelo governo.
E isso ficou muito claro — disse Henrique Alves.
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