Companhia aérea registrou prejuízos de R$ 16 milhões em 2008
Roberta Campassi, de São Paulo
A Azul, que iniciou voos em dezembro, projeta lucros a partir de 2010, quando "operará em mais aeroportos e com maior quantidade de aeronaves", informou a empresa no balanço financeiro de 2008 divulgado ontem. Em fevereiro o presidente do conselho da Azul, David Neeleman, disse que a empresa poderia começar a lucrar já no segundo semestre deste ano.
A Azul vem elevando o número de rotas e a taxa de ocupação nos voos e, em fevereiro, ficou com 1,7% do mercado de voos domésticos. Para enfrentar a concorrência acirrada com Gol e TAM, vem praticando tarifas promocionais.
A montagem das operações da empresa começou no início de 2008, mas os primeiros voos comerciais decolaram apenas no dia 15 de dezembro. Por isso, foram registrados apenas 17 dias de receita em 2008 contra vários meses de gastos. Assim, a Azul fechou o ano com prejuízo líquido de R$ 16,2 milhões. Ele teria sido maior não fosse um resultado financeiro positivo de R$ 24 milhões e o imposto de renda e contribuição social diferidos no total de R$ 7,8 milhões.
No lado operacional, que leva em conta receita menos custos e despesas antes do resultado financeiro, o prejuízo foi de R$ 48 milhões. Despesas gerais e administrativas somaram R$ 35,6 milhões e o custo dos serviços prestados, R$ 11,2 milhões. A receita líquida foi de R$ 3,4 milhões. Os números referem-se à Azul S.A., que controla a Azul Linhas Aéreas e a Canela Investimentos, subsidiária no Estado americano de Delaware - um paraíso fiscal - que adquire aeronaves e as arrenda para a Azul Linhas.
A empresa tem capital de R$ 334,8 milhões dividido em 1,3 milhão de ações preferenciais e 2,5 milhões de ordinárias. O valor se aproxima do investimento de US$ 200 milhões anunciado pela companhia - US$ 150 milhões inicialmente e outros US$ 50 milhões, mais tarde -, se considerada a cotação média do dólar em 2008, de R$ 1,84. No fim de 2008, a Azul tinha R$ 233,3 milhões em caixa.
Segundo o balanço, a empresa tem obrigações de cerca de R$ 2,9 bilhões relacionadas a compra ou arrendamento de um total de 39 aviões - a maior parte dos pagamentos ocorrerá daqui a cinco anos ou mais. A Azul vem buscando recursos com o BNDES e bancos estrangeiros.
Neeleman é o controlador da Azul, mas o quadro societário não foi divulgado. Sabe-se que tem entre seus sócios fundos de investimentos americanos (como o Pequot Capital), o fundo brasileiro Gávea, e o grupo Bozano, do empresário Júlio Bozano.