''Estado” entra facilmente em aeroclube
Embora à primeira vista roubar um avião pareça ousado, a cena poderia ser facilmente vista em outros aeroclubes, como o de São Paulo, no Aeroporto Campo de Marte. Ontem, a reportagem do Estado entrou no local sem se identificar, passeou pelos hangares e esteve a poucos metros de aviões abertos e em condições de voo.
O Campo de Marte tem segurança terceirizada e alguns agentes ficam na entrada. O carro da reportagem - sem logotipo - apontou na guarita e foi dito que se procurava uma empresa de táxi aéreo.
Sem consultar a empresa ou anotar a placa, o guarda fez um sinal de positivo de seu posto e liberou a entrada. A intenção era obter com as empresas de táxi aéreo informações sobre voo panorâmico. Como a maioria não faz esses voos, indicaram o proprietário de vários aviões e helicópteros no aeroclube, que fica dentro do aeroporto. Na guarita do aeroclube, o guarda não sabia quem era o tal homem, mas liberou a passagem para que se continuasse a busca. Mais uma vez, não foi preciso se identificar nem houve revista.
Ao caminhar no local, foram encontrados pontos de pouca segurança no aeroclube. Atrás de um trailer que funciona como lanchonete, há um pequeno portão por onde passam os pilotos. A passagem fica aberta, proporcionando acesso à pista para qualquer pessoa. O dono dos aviões levou os "potenciais clientes" (na verdade, a reportagem) por onde ficam os aviões, muitos deles abertos e com pilotos realizando testes. Novamente, não houve revista.
Em seu escritório, ele disse que precisava anotar os telefones dos visitantes - mas nada de documentos. Contou que a medida é um pedido da Polícia Militar após o sequestro de um helicóptero que foi usado para tentar resgatar presos, em 2003. A aeronave foi atingida por 90 tiros e o piloto ficou paraplégico.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não divulga as normas de segurança para aeródromos. Somente informa que detectores de metais são necessários apenas em locais com aviões de capacidade superior a 60 lugares, mas aeroclubes devem ter segurança armada e registrar os frequentadores.
O avião Tupi, usado por Silva, pela simplicidade nos comandos, é muito utilizado para instrução de pilotos. "Desprezando procedimentos de segurança, três ou quatro movimentos bastam para decolar.
Como na internet há fóruns que ensinam, bastaria voar quatro ou cinco vezes e observar para ter noção", afirma William Rodrigues, instrutor do Aeroclube de Bragança Paulista.