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Rio declara "guerra" à Anac e diz que vai aumentar ICMS no Santos Dumont


EDUARDO CUCOLO
em Brasília

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), disse hoje que vai acabar com o desconto no ICMS cobrado no querosene de aviação para voos a partir do Aeroporto Santos Dumont.

Segundo Cabral, a medida é uma reação do governo do Rio à decisão da Anac (Agências Nacional de Aviação) de liberar o uso do Santos Dumont para voos mais longos e para aviões maiores, ao derrubar a portaria que restringia seu uso para ponte aérea e para aeronaves de até 50 assentos. Uma das empresas beneficiadas pela medida é a Azul Linhas Aéreas, que chegou a entrar na Justiça pedindo a liberação.

Além do aumento no imposto, que deve passar dos atuais 4% (alíquota com desconto) para até 18%, o governo do Estado quer adotar também medidas judiciais. Cabral afirmou ainda que o aeroporto não tem licença ambiental para os voos regionais da Azul, que está vencida há mais de um ano.

"Se é para ter guerra, se a Anac não está respeitando a autoridade política do governador e do prefeito, que são contra a medida, temos de enfrentá-los", afirmou Cabral. "Isso chega a ser um deboche."

Segundo o governador, com a liberação do Santos Dumont, o Aeroporto Internacional do Galeão vai perder voos nacionais. Com isso, haverá redução também nos voos internacionais que dependem dessas conexões. Hoje, o Galeão já opera com metade da sua capacidade.

A Anac não quis comentar as declarações do governador e afirmou que há espaço para os dois aeroportos no Rio.

Cabral disse que a medida atrapalha ainda os planos transferir o Galeão para a administração privada, o que iria melhor a qualidade do aeroporto. "O Galeão hoje é uma porcaria. O elevador não funciona, falta até papel ao lavar a mão", afirmou.

Para o governador, a decisão atende aos interesses de uma única empresa aérea. "Isso é um lobby de uma empresa chamada Azul e de um gringo chamado David Neeleman [presidente do conselho da Azul]", afirmou. A Azul já solicitou diversas vezes a liberação do aeroporto e quer usá-lo como partida para 22 destinos. Neeleman, fundador da empresa, apesar do sotaque, é brasileiro.

"A TAM e Gol também vão querer entrar agora no Santos Dumont, e vão entrar mais rápido que ele", disse, ainda, o governador.

A Anac informou que a abertura do Santos Dumont servirá a todas as companhias e que os horários e espaços serão divididos de forma a não prejudicar ou beneficiar nenhuma delas. A agência informou ainda que, antes do pedido da Azul, já havia recebido a mesma solicitação de outras empresas.

Comentários

Luiz Maia disse…
E o povo vota num incompetente e incapaz desses. Enquanto as cidades mundo afora procuram ter dois aeroportos com vistas ao atendimento de clientes diferentes e diferentes rotas, o (des)governador do Rio quer matar um pra dar sobrevida a outro. É uma estupidez. Os clientes são diferentes e, se o Galeão não tem mais voos é porque não tem segurança, nem no próprio aeroporto, nem em seu entorno e no trajeto para o centro da cidade. Ninguém quer descer lá e ser assaltado na linha vermelha, ou na perimetral. Coisa corriqueira. Além do mau cheiro que se sente mesmo com o carro fechado e ar-condicionado ligado. Além do mais, não há linhas descentes de ônibus ligando o aeroporto a outros pontos da cidade. Os táxis são um roubo. E não há a alternativa de trem ou metrô fazendo a ligação com pontos importantes da cidade. Então, senhor governador, melhore as condições de usabilidade do Galeão se quer que as pessoas o utilizem. Boicotar as empresas aéreas é coisa de gente estúpida. Elas só oferecem o que o seu passageiro deseja.
Luiz Maia disse…
O (des)governador do Rio reclama de voos nacionais, como para Belo Horizonte, Brasília e Salvador, saindo ou chegando no Santos Dumont. E agride o empresário da Azul Linhas Aéreas, que ganhou na justiça o direito de voar para esse aeroporto, por fazer lobby para tanto. Só que o voo pleiteado pela Azul é para Campinas, interior de São Paulo. Não é para nenhuma capital. Isso mostra o quanto o (des)governador do Rio desconhece o negócio aeronáutico e suas implicações. As empresas aéreas só oferecem à seus passageiros o que eles desejam. Se não usamos o Galeão é porque ele e todo o trajeto, as vias e os meios de transporte para o centro da cidade são umas merdas. E fedem como tal. Basta passar na linha vermelha, principal acesso ao Galeão.

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