Presidente ataca protecionismo, mas propõe reserva de mercado aéreo



Ricardo Brandt

O governo vai tentar fazer com que as empresas nacionais comprem aviões brasileiros, produzidos pela Embraer, segundo deixou claro ontem o presidente Luiz Inácio Lula das Silva. Segundo ele, o governo já estuda medidas para resolver definitivamente o problema da Embraer - empresa que demitiu mais de 4 mil trabalhadores na semana passada - buscando meios para que o próprio mercado interno absorva a produção da empresa.

Depois de ressaltar as medidas que o governo estuda para afastar o "caos" da economia local, Lula afirmou que o caso das demissões da Embraer decorre da dependência quase que integral da empresa em relação às exportações.

"Na medida em que as encomendas são suspensas, a empresa teve que dispensar. As críticas que eu tinha que fazer à empresa eu já fiz. Agora precisamos resolver um problema regional do Brasil, para ver se podemos comprar avião da Embraer", afirmou o presidente. "É um desafio para nós brasileiros, pensar como utilizar os aviões da Embraer em voos regionais", explicou.

Deixando claro que o governo vai tentar fazer com que as empresas nacionais comprem os aviões brasileiros, Lula deu o recado. "Não podemos nem nos queixar dos países estrangeiros que suspenderam os pedidos, porque as empresas brasileiras não fazem pedidos à Embraer."

Segundo Lula, para um leigo "é muito difícil entender por que utilizamos avião da Boeing ou da Airbus, e não da Embraer", declarou, em entrevista coletiva após evento - ao lado do primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende - com empresários holandeses e brasileiros na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Lula disse que o governo vai lançar programas como o de construção de 1 milhão de moradias populares, de renovação de frota de caminhões, geladeiras e fogões. As medidas, além da ação pela Embraer , fazem parte do pacote de ações que a União quer implantar para ajudar o Brasil a enfrentar a crise econômica mundial.

PROTECIONISMO

Com fortes críticas ao protecionismo utilizado por alguns países como forma de combate à recessão econômica, Lula defendeu que o Brasil tem feito sua lição de casa e negou uma "crise generalizada" na economia local. "Não vamos reduzir 1 dólar dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", afirmou Lula.

"Eu tenho convicção que essa crise será vencida com mais comércio, com menos protecionismo e, sobretudo, com uma regulação do sistema financeiro internacional", disse.

Lula afirmou que as medidas adotadas pelo governo estão diretamente ligadas à crise e ressaltou que elas poderiam não ser adotadas em uma situação de "normalidade" no País.

Ele ressaltou ainda a importância de discutir neste momento, a regulação do mercado internacional e a retomada das discussões da Rodada Doha.

Para Lula, nenhum País tem a "saída perfeita" para acabar com a crise. "Nós não temos o direito de aceitar o protecionismo como solução para essa crise. Pode ser que uma ou outra empresa esteja a exigir de nós maiores cuidados internos, mas o protecionismo certamente levará a um aprofundamento dessa crise", afirmou.

REZA

Recebendo a visita do primeiro-ministro holandês, Lula brincou e pediu uma "reza" ao colega para que o presidente norte-americano, Barack Obama, tome "atitudes sábias" para combater a crise.

Ele mesmo disse que tem rezado para que o "Congresso americano compreenda a gravidade da crise, e que as pessoas compreendam que o momento não é de fazer politicagem com a crise econômica. O momento é de tomar decisões políticas para que os inocentes não paguem pela irresponsabilidade daqueles que causaram essa crise."

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