Marli Olmos, de São Paulo

A estratégia da Embraer de aproveitar o aumento do tráfego de passageiros nas regiões emergentes, o que , consequentemente, reduz a participação da América do Norte na sua carteira de clientes, continua tendo reflexo positivo no balanço de entregas e pedidos da companhia. Mas mesmo assim o mercado tem colocado em dúvida o desempenho da companhia. As ações ON terminaram a sexta-feira cotadas a R$ 9,56, com queda de 10,23% no dia. No mês, as perdas já somam 27,02% O anúncio de um crescimento de 34% nas entregas de aeronaves no acumulado dos três trimestres na comparação com igual período de 2007, na sexta-feira, deu à companhia uma sinalização de que seus objetivos para o ano poderão ser alcançados, a despeito das turbulências no cenário mundial, que começaram a atingir as companhias aéreas já no início da alta do petróleo.

A direção da Embraer estabeleceu como objetivo, para 2008, a entrega de 195 a 200 mil unidades. Até o momento 145 jatos foram entregues. No mesmo período acumulado em 2007, o volume ficou em 108. Em 2007, a empresa entregou 169 jatos.

Apesar do resultado positivo, o ritmo do crescimento no acumulado dos três trimestres diminuiu em relação aos dois primeiros. Com total de 97 aeronaves, a empresa fechou o primeiro semestre com incremento de 59% em relação a igual período de 2007. Se a companhia conseguir repetir no último trimestre o volume de entregas dos últimos três meses de 2007 - 61 jatos -, a meta poderá até ser ultrapassada.

A Embraer depende cada vez menos dos clientes dos Estados Unidos e começa a avançar na Ásia, Oriente Médio e também na América Latina. Segundo o vice-presidente de aviação comercial da companhia, Mauro Kern, entre 2002 e 2007, o transporte aéreo na América Latina cresceu 43%, passando de 84 milhões de passageiros há seis anos para 120 milhões, no ano passado. "A América Latina mostra um crescimento diferenciado", disse o executivo em recente entrevista ao Valor.

Para Kern, além do natural potencial de crescimento da região, na América Latina há elevada quantidade de aviões antigos, com mais de 30 anos, o que estimula a substituição em tempos de necessidade de economia. Além disso, ele acredita que mais companhias aéreas apostarão no uso de aeronaves com até 120 assentos, o mercado em que a empresa atua. "O número de passageiros aumentou, mas a quantidade de cidades atingidas nas rotas diminuiu", disse.

O mercado de aviação executiva também tem ajudado a empresa a crescer. A Embraer está na fase de expansão nesse segmento. Além dos 37 jatos para a aviação comercial, no terceiro trimestre também foram entregues nove jatos executivos e duas aeronaves para o mercado de defesa e governo.

No terceiro trimestre, a Embraer anunciou vendas de aviões comerciais para China, Áustria, Moçambique, México, El Salvador e Nigéria. Por outro lado, a companhia aérea dos Estados Unidos US Airways não confirmou cinco ordens firmes de compra. Com isso, essas ordens se transformaram em opções de compra. A carteira de pedidos firmes chegou a US$ 21,6 bilhões no final de setembro. Alta de 4,3% sobre o trimestre anterior.

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