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Grupo argentino tem interesse na concessão do aeroporto do Galeão

A empresa AA2000 administra a maioria dos aeroportos na Argentina



Janes Rocha
, de Buenos Aires

A empresa Aeropuertos Argentina 2000 (AA2000), que tem a concessão de quase todos os aeroportos em seu país, está preparando o primeiro pouso no Brasil. Vai participar da concorrência para a concessão do aeroporto do Galeão (Tom Jobim), no Rio de Janeiro, o primeiro - junto com o Viracopos, de Campinas (SP) - a entrar para o Plano Nacional de Desestatização (PND) anunciado quinta-feira.

A companhia ainda está analisando os números, mas em uma estimativa inicial Ernesto Gutierrez, presidente da AA2000, acredita que serão necessários investimentos de US$ 1,2 bilhão para melhorar e ampliar o aeroporto carioca, aumentando sua capacidade de passageiros dos atuais oito milhões anuais para 25 milhões nos próximos três anos. A estimativa se baseia em projetos de porte e características semelhantes tocados atualmente pela AA2000: as ampliações dos aeroportos de Montevidéu, no Uruguai, e Guayaquil, no Equador.

Em entrevista ao Valor, Ernesto Gutierrez contou que ele e seu sócio, Eduardo Eurnekian, estavam há dois anos esperando a oportunidade de investir no Brasil. Neste período, tiveram reuniões com autoridades da Casa Civil, Ministério da Defesa e Infraero para demonstrar seu interesse e sugerir modelos de concessão.

Questionado sobre que modelos seriam mais adequados para resolver o problema dos aeroportos brasileiros, Gutierrez responde que uma possibilidade é a associação público-privada a partir dos modelos mexicano ou argentino. Ambos prevêem o agrupamento de aeroportos em um centro por região, e os que dão lucro financiam os que dão prejuízo. A diferença é que na Argentina há subsídios cruzados entre os aeroportos mais e menos rentáveis, e no México não.

"No México, toda a rede de aeroportos do país foi dividida em três regiões, e o estado ficou como acionista minoritário em cada uma delas. Na Argentina, uma só empresa administra toda a rede e o estado também é acionista", explica Gutierrez. Segundo ele, este formato gera "contratos de última geração" em que o importante não é quem paga mais pela concessão, mas quem é o "melhor sócio para o Estado do ponto de vista de cumprir com suas obrigações com a sociedade".

"Privatização pura é um erro", afirma este empresário. Para ele, o estado tem um papel que não pode ser substituído nos aeroportos, nas áreas de segurança, controle de sanidade animal e vegetal, aduana, e outras atividades típicas de órgãos públicos. "A expertise da empresa privada é construir e administrar aeroportos", afirma.

Apesar de nunca ter entrado antes como investidora no Brasil, a AA2000 mantém um relacionamento de dez anos com a Infraero, conta Gutierrez. Por serem as maiores da América do Sul no setor, as duas empresas revezam a presidência e a vice-presidência do capítulo latino-americano da Associação Internacional de Aeroportos e têm "uma infinidade de acordos" conjuntos, entre eles capacitação de técnicos e especialistas.

AA2000 administra 37 aeroportos, sendo 34 na Argentina, os de Montevidéu e Guayaquil e o de Yerevan, capital da Armênia. É a principal empresa do grupo Corporación América S/A (Casa), multinacional com negócios nos setores de serviços aeroportuários (consultoria, free-shop, cargas, segurança, espaços publicitários nos aeroportos), agropecuária, imobiliário, construção e infra-estrutura.

Com 1,4 mil funcionários, a AA2000 faturou em 2007 o equivalente a US$ 225 milhões. Para este ano a previsão é chegar a US$ 240 milhões, o que representa cerca de 80% do faturamento do grupo.

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